O Papa Francisco abriu a “Porta Santa” da Basílica de São Pedro na véspera de Natal, na terça-feira, lançando o ano jubilar de celebrações católicas que deverá atrair mais de 30 milhões de peregrinos a Roma.
O pontífice de 88 anos, recentemente constipado, foi empurrado para a enorme porta de bronze ornamentada numa cadeira de rodas e bateu nela, antes de as portas se abrirem e ele passar, enquanto os sinos da basílica do Vaticano tocavam.
Durante os próximos 12 meses, os peregrinos católicos passarão pela porta - que normalmente está fechada com tijolos - por tradição, beneficiando de uma “indulgência plenária”, uma espécie de perdão dos seus pecados.
A cerimónia contou com a presença de cardeais e da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, entre outros, enquanto milhares de pessoas se reuniram na Praça de São Pedro para assistir à cerimónia através de grandes ecrãs.
“É a minha primeira vez em Roma e, para mim, estar aqui no Vaticano, já me sinto abençoada”, disse Lisbeth Dembele, uma turista francesa de 52 anos que visitou a Praça de São Pedro mais cedo.
O Papa Francisco vai presidir à missa da véspera de Natal em São Pedro, antes de dar a sua tradicional bênção de Natal, Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo), ao meio-dia de quarta-feira.
O lema do Jubileu é “Peregrinos da Esperança”, e espera-se que o pontífice argentino repita os seus apelos à paz num mundo dilacerado por conflitos, em especial no Médio Oriente.
No fim de semana, Francisco recebeu uma resposta furiosa de Israel por ter condenado a “crueldade” dos ataques israelitas em Gaza, que mataram crianças.
No início de uma semana atarefada, Francisco faltou à sua habitual oração do Angelus na Praça de São Pedro, no domingo, devido a uma constipação, tendo-a proferido online a partir da sua casa no Vaticano.
Roma: uma nova cara
Cerca de 700 agentes de segurança estão a ser destacados para o Vaticano e Roma para as celebrações do Jubileu, com medidas ainda mais rigorosas após o ataque de sexta-feira a um mercado de Natal na Alemanha.
A maior parte da cidade de Roma foi também objeto de uma renovação, com monumentos como a Fonte de Trevi e a Ponte de Santo Ângelo limpos e estradas redesenhadas para melhorar o fluxo do tráfego.
Muitos residentes questionaram como é que a Cidade Eterna - onde os principais locais já estão sobrelotados e os transportes públicos não são fiáveis - irá lidar com mais milhões de visitantes no próximo ano.
Os principais projectos do Jubileu só ficaram concluídos nos últimos dias, após meses de trabalho que transformaram grande parte da cidade num estaleiro de obras.
Na inauguração de um novo túnel rodoviário na Piazza Pia, junto ao Vaticano, na segunda-feira, Meloni afirmou que foi necessário um “pequeno milagre civil” para que o projeto ficasse concluído a tempo.
Durante os próximos dias, serão abertas as Portas Santas nas três basílicas principais de Roma e nas igrejas católicas de todo o mundo.
Na quinta-feira, o Papa Francisco abrirá uma Porta Santa na prisão de Rebibbia, em Roma, e presidirá a uma missa numa demonstração de apoio aos reclusos.
Fiéis LGBTQ
Organizado pela Igreja de 25 em 25 anos, o Jubileu pretende ser um período de reflexão e penitência e é marcado por uma longa lista de eventos culturais e religiosos, desde missas a exposições, conferências e concertos.
Dirigido principalmente aos quase 1,4 mil milhões de católicos de todo o mundo, o Jubileu pretende também chegar a um público mais vasto.
As tradições evoluíram desde o primeiro evento deste género em 1300, lançado pelo Papa Bonifácio VIII.
Este ano, o Vaticano disponibilizou aos peregrinos um registo em linha e aplicações telefónicas multilingues para navegar nos eventos.
O Jubileu 2025 tem também uma mascote chamada Luce (que significa Luz em latim), inspirada nos desenhos animados japoneses de anime.
Ao longo de 2025, virão a Roma grupos de todo o mundo, desde figuras do desporto e do mundo dos negócios a migrantes, artistas e jovens.
Entre os grupos registados no sítio oficial está o grupo italiano LGBTQ La Tenda di Gionata, que reflecte o apelo do Papa para que a Igreja esteja aberta a todos.
Para além dos Jubileus regulares de 25 em 25 anos, a Igreja organizou Jubileus extraordinários, o mais recente dos quais em 2016. O próximo será em 2033, para comemorar a crucificação de Jesus Cristo.
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