O aumento de meninas pedintes na cidade do Lubango, na província angolana da Huíla, oriundas de zonas rurais está a preocupar a sociedade local.
Trajadas de vestes características típicas da região, as meninas entre os cinco e os 13 anos de idade são encontradas frequentemente nas paragens dos transportes públicos e de táxis particulares, onde apesar das dificuldades em se expressar no português, não se coíbem em pedir dinheiro.
O assunto levou as autoridades locais a realizarem recentemente um fórum com foco no fenómeno, no qual o Governo admitiu que a situação não abona em nada para a imagem da cidade.
Para o director da ADRA Antena Huíla e Cunene, Simione Chiculo, as causas por detrás do fenómeno são profundas com a pobreza no topo, que exigem do Governo políticas públicas concretas para inverter o quadro no meio rural.
“Se nós não conseguirmos resolver os problemas do meio rural estes vão nos acompanhar na cidade, esse é só um dos exemplos destas situações” disse Chiculo.
Para o professor Luís Dala, a invasão das meninas à cidade resulta em parte da venda, no passado, das terras por parte de seus progenitores e do fraco impacto dos investimentos ali feitos.
“As poucas fazendas não produzem absolutamente nada e com os problemas que elas têm de fraca qualificação escolar e profissional não conseguem ter acesso ao mercado de trabalho e vivem como que uma comunidade primitiva”, justificou Dala.
Visão diferente tem o conhecido soba grande da Huíla, Joaquim Hulehipo, que atribui o fenómeno ao facto destas meninas fugirem ao trabalho no campo, com muitas a delinquirem na cidade.
“Os miúdos quando vêm cá à cidade começam a roubar. Trazem gatunos para roubar as casas dos outros para levar as batarias dos carros. Têm que trabalhar", afirmou Hulehipo.