O Presidente de Cabo Verde diz não apoiar uma intervenção militar no Níger porque poder tornar a situação mais explosiva na África Ocidental e defendeu uma reflexão profunda sobre os sucessivos golpes de Estado que estão ligados às condições de vida das pessoas.
União Africana apoia decisão da CEDEAO e líderes militares da organização reúnem-se amanhã para preparar a chamada "forca de prontidão".
“Não apoio qualquer intervenção militar, não apoio a resolução desse conflito pela força, penso que devemos todos trabalhar para a restauração da ordem constitucional, mas em nenhuma circunstância através da intervenção militar ou do conflito armado neste momento”, afirmou José Maria Neves em declarações a jornalistas na ilha do Fogo nesta sexta-feria, 11, que o questionaram sobre a decisão de Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de enviar uma "força de prontidão" para repor a constitucionalidade no Níger.
Neves acrescentou que "qualquer intervenção militar neste momento iria agravar a situação e tornar a região num espaço explosivo”, e que por isso "muito dificilmente" Cabo Verde integrará uma eventual força de intervenção.
O Chefe de Estado cabo-verdiano defendeu “negociações intensas, pela via diplomática” para se resolver o conflito e disse ser este o momento para uma reflexão sobre a situação na África Ocidental, que tem dado origens a golpes de Estado.
Para José Maria Neves, as causas radicam “no fundo, com a as condições de vida das pessoas”.
“Temos de fazer tudo para que os Governos consigam responder aos anseios e às expetativas das pessoas. Temos de criar instituições inclusivas e fortes e ter transparência, accountability na gestão da coisa pública e fazer tudo para que as africanas e os africanos vivam com muito mais dignidade”, concluiu o Presidente cabo-verdiano.
União Africana apoia a decisão da CEDEAO
Entretanto, em Addis Abeba, o presidente da Comissão da União Africana manifestou o seu firme apoio às decisões da CEDEAO de enviar uma força para o Nível.
Moussa Faki Mahamat manifestou ainda a sua "profunda preocupação" com a "deterioração das condições de detenção" do Presidente do Níger, Mohamed Bazoum.
"Tal tratamento de um Presidente eleito democraticamente por meio de um processo eleitoral regular é inaceitável", sublinhou Mahamat, depois de a Human Rights Watch ter informado que Bazoum não tem tido contato com ninguém e está mantido na Presidência em deficientes condições.
EUA apoia a CEDEAO
Em Washington, o secretário de Estado americano manifestou o apoio dos Estados Unidos à CEDEAO que, segundo Antony Blinken, "está a desempenhar um papel de liderança fundamental ao tornar claro o imperativo de um regresso à ordem constitucional".
"Nós apoiamos a liderança e o trabalho da CEDEAO nesta matéria", disse Blinken em comunicado, em que sublinha "apreciar a determinação da CEDEAO em explorar todas as opções pacíficas para resolver a crise".
Depois da decisão dos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO de preparar uma força para uma possível intervenção militar no Níger, os chefes do Estado-Maior das Forças Armadas da organização reúnem-se amanhã, 12, no Gana para preparar a "força militar de reserva".
O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prometeu enviar entre 850 e 1.100 militares para força, que também deve integrar tropas da Nigéria e do Benin.
Entretanto, o Presidente da Nigéria e em exercício da CEDEAO, Bola Ahmed Tinubu, disse esperar uma resolução pacífica para a crise desencadeado com o golpe militar de 26 de Julho.
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