O comandante geral da polícia angolana Paulo de Almeida negou enfaticamente que o médico Sílvio Andrade Dala tenha sido morto por agentes da polícia e rejeitou também acusações de abusos da polícia na implementação de medidas de prevenção da Covid-19.
Dala morreu numa esquadra da polícia para onde havia sido levado alegadamente por não usar máscara dentro do seu automóvel e o sindicato dos médicos disse que os ferimentos na cabeça do médico indicavam a possibilidade de ter sido espancado.
‘Não foi morto ninguém nas celas da polícia, não foi morto nenhum médico, foi uma morte patológica que aconteceu, infelizmente coincidiu estar sobre alçada da policia, mas não foi a principal causa da morte,” disse o comandante à Rádio Nacional de Angola.
Paulo de Almeida rejeitou também acusações de abusos de poder por parte dos agentes da polícia envolvidos na aplicação das medidas de prevenção do coronavírus, actuação essa que já mereceu a condenação da Amnistia Internacional.
“É preciso ficar bem claro, não sei quando é que há excesso de zelo, quando o governo publica um diploma em que chama atenção como o cidadão deve andar na via pública está na lei, quando as autoridades competentes do governo anunciam que todo cidadão, quando estiver na via pública deve usar máscara e se não usar está sujeito a penalizações, portanto, actuamos,” disse.
“O médico é um cidadão, não é diferente de qualquer outra pessoa”, acrescentou.
Segundo o Ministério do Interior, Sílvio Dala foi interpelado por um efectivo da Polícia Nacional, por não uso de máscara na sua viatura, e levado à esquadra.
A medida do efectivo da PN baseou-se no novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, que impõe o uso obrigatório de máscara na via pública e no interior das viaturas, mesmo as viaturas pessoais.
O porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, afirmou há dias, que o médico teria sido encaminhado para uma esquadra policial mais próxima, onde foram cumpridas todas as formalidades da elaboração do auto de notícia e a respectiva notificação de transgressão.
Pelo facto de a esquadra não possuir mecanismo para o pagamento da multa de cinco mil kwanzas, disse, o médico terá ligado para alguém próximo para efectuar o respectivo pagamento e levar o comprovativo à esquadra.
Foi nesse período de espera, de acordo com o oficial comissário, que o cidadão teria começado a sentir-se mal tendo desmaiado embatendo com a cabeça no chão.
O mesmo, afirma, foi prontamente posto numa viatura das forças de defesa e segurança que a levou para o Hospital do Prenda, no mesmo distrito, onde veio a falecer durante o trajecto.
O Sindicato dos Médicos pediu uma investigação criminal afirmando duvidar da versão policial.