Os olhos e ouvidos do mundos estão virados para Singapura onde dentro de nove horas Donald Trump e Kim Jong Un terão um encontro a sós, seguido de outro entre as delegações dos dois países.
Em África, analistas não destoam muito do que escreve a imprensa internacional. Ninguém sabe o que pode sair de uma reunião entre dois líderes acostumados a tomar decisões de forma muito particular.
O especialista em relações internacionais e antigo director da Agência de Informações de Moçambique, Gustavo Mavie, não tem dúvidas de que há um "enorme suspense acerca do que poderá sair da reunião".
Mavie lembra, no entanto, "que há um ano ninguém imaginava que Trump e Kim se sentariam à mesma mesa", o que é bom sinal.
Apesar desse suspense, só a realização do encontro é bom inicio, considera o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde e embaixador Silvino da Luz.
"Qualquer humanista, particularmente em África, orgulha-se e sente-se bem com negociações para evitar qualquer tipo de confrontação nuclear", sublinha o antigo governante e diplomata.
Apesar da imprevisibilidade do líder norte-coreano, Kim Jong-Un, o comportamento do Presidente americano Donald Trump é apontado por Silvino da Luz como a grande incógnita do encontro.
"É uma pessoa que não respeita os acordos, como provam os casos ligados ao Protocolo do Clima, o Acordo com o Irão e, mais recentemente, na reunião de Canadá do G7", acrescenta Luz, lembrando que "essas imprevisiblidade é "muito perigosa".
No meio do que apelida de suspense mundial, o analista Gustavo Mavie destaca o que, segundo ele, “era impensável há um ano. Que os líderes dos dois países se sentariam numa mesa”.
Em encontros deste tipo, há sempre compromissos assumidos. Silvino da Luz, que deu os primeiros passos nas negociações entre a África do Sul, Angola, Cuba e Estados Unidos, na década de 1980, alerta no entanto para o dia seguinte, quando apagarem os holofotes.
“Sairá alguma decisão, mas desconhece-se qual será o comportamento do Sr. Trump que já deu provas de não respeitar compromissos”, acrescenta o antigo diplomata cabo-verdeano que critica as opiniões de “colaboradores de Trump para uma solução tipo Líbia para a Coreia do Norte”.