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Zungueiras são molestadas constantemente em Malanje, dizem organizações sociais


Zungueira vendendo maboques. Luanda, Angola, 14 de Outubro, 2015
Zungueira vendendo maboques. Luanda, Angola, 14 de Outubro, 2015

A mulher zungueira, ou seja as vendedoras de rua, é considerada um símbolo do empreendedorismo, que todos os dias luta pela vida da família e leva o pão do dia a milhares de lares nas cidades, municípios, comunas e aldeias de Angola.

Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, líderes políticos apontaram alguns dos maus-tratos e submissões por que passam todos os dias nas ruas de Malanje.

A secretária provincial da Liga da Mulher Angolana (LIMA), organização adstrita à UNITA, Rita Mateus Júnior, apresenta o exemplo do dia-a-dia por essas paragens.

"Os agentes da corporação espancam e maltratam, alegando estarem autorizados pelo chefe do Governo local", diz Rita Mateus Júnior.

“Mesmo com a banheira na cabeça, o polícia está aí atrás dela, está aí a sacrificá-la, acho que esta província está sendo mal governada”, disse, justificando que “um polícia quando diz que fui mandado assim pelo governador, eu não acredito, a não ser que este polícia está aí para estragar o trabalho do governador”.

Rita Mateus Júnior, Liga da Mulher Angolana em Malanje
Rita Mateus Júnior, Liga da Mulher Angolana em Malanje

Os factos ocorrem diariamente, referiu a dirigente da LIMA, “sobretudo no mercado municipal, onde há duas semanas encontrei uma zungueira a ser surrada, tentei intervir, mas praticamente não fui ouvida”.

As mulheres zungueiras, que têm como pontos para os negócios a Rua do Comércio ou Enes, começam, no entanto, a serem poupadas pelas autoridades policiais porque falam poucos meses para as próximas eleições gerais, a caça ao voto deu nova dignidade.

Filomena Joaquim Baião, da União das Mulheres de Renovação Social em Malanje, Angola
Filomena Joaquim Baião, da União das Mulheres de Renovação Social em Malanje, Angola

A secretária provincial da UMERS, União das Mulheres de Renovação Social, Filomena Joaquim Baião, disse que a situação não está para menos.

“Temos as áreas onde as mulheres tentam sentar para fazer os negócios, a polícia vai aos chutes com as senhoras, porretes, batem as senhoras que caiem com as suas banheiras, grávidas e com crianças”, lembrou.

Baião lamentou o avançado estado de degradação das estradas dos bairros.

“As senhoras não conseguem ficar a vontade, vai para o arreiô (mercado de rua) vender, se chover não consegue passar porque está cheia de buraco”, disse

Entretanto, aquela dirigente feminina advertiu: “as zungueiras agora só estão a ser acariciadas e acarinhadas porque as eleições estão a aproximar-se mas quando passarem as eleições vão ser de novo abandalhadas”, denunciou.

Acto governamental

Centenas de mulheres reuniram-se hoje no Estádio Valódia da cidade de Malanje, onde reafirmaram os objectivos gerais para minorar os seus problemas, como a patilha de experiências entre as organizações da sociedade civil e criar sinergias para encontrar soluções para os problemas que afectam as mulheres e a família.

A directora provincial da Família e Promoção da Mulher, Ânsia Salatiel, disse que a sua entidade pretende "envolver homens e rapazes nas políticas e acções que visam a paz nas famílias, como forma de acabar a violência doméstica, violência sexual contra menores, e gravidezes e casamentos precoces”..

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