Centenas de mulheres religiosas participaram este domingo, 05, em Maputo, numa conferência sobre a violência doméstica em Moçambique, que segundo alguns activistas sociais, está a ganhar contornos alarmantes, sob o olhar impávido da sociedade.
A porta-voz do encontro, Silvia Ferreira, disse ser importante que as mulheres estejam conscientes do seu papel na sociedade, sublinhando que o homem, "apesar do seu papel como chefe de família, deve tratar a sua parceira com respeito, para que a família viva em harmonia".
Em Moçambique, uma em cada três mulheres sofrem de violência doméstica, seja física ou sexual protagonizada pelo seu parceiro.
A ministra moçambicana do Género, Criança e Acção Social, Cidália Chaúque, disse que essa é uma situação que precisa de ser combatida, porque coloca em causa a questão dos direitos humanos e o próprio desenvolvimento.
Para o antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, a violência está a tomar contornos alarmantes, com consequências não só sociais como também económicas, "porque uma pessoa economicamente activa, quando violentada afecta o seu sector de produção".
Chissano recordou que a violência não ocorre apenas entre o homem e a mulher, como também entre o pai e o filho, a mãe e o filho ou entre a avó e o neto, mas para ele, a mais preocupante é a protagonizada pelo homem contra a sua parceira.
No país, dos 12 mil casos de violência registados o ano passado, oito mil foram contra a mulher.