A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou esta segunda-feira, 30 que tratou um número “sem precedentes” de vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo em 2023.
No ano passado, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) ajudaram a tratar mais de 25.000 vítimas e sobreviventes de violência sexual no país, mais de duas vítimas por hora, disse.
O número é “de longe” o mais elevado alguma vez registado pelos MSF no país, afirmou a instituição num comunicado, acrescentando que tratou vítimas em cinco províncias do leste do país, uma região assolada por décadas de violência.
A grande maioria das vítimas foi tratada em campos de deslocados em torno de Goma, capital da província de Kivu do Norte.
Os confrontos entre os rebeldes M23, apoiados pelo Ruanda, e o exército congolês e os seus aliados têm vindo a assolar a província desde finais de 2021, obrigando centenas de milhares de civis a fugir.
“De acordo com os testemunhos dos nossos pacientes, dois terços deles foram atacados à mão armada”, disse Christopher Mambula, chefe dos programas dos MSF no país.
Os ataques também ocorreram perto dos campos de deslocação, quando as mulheres iam buscar lenha ou água, ou trabalhar nos campos, acrescentou.
“Embora a presença maciça de homens armados dentro e ao redor dos locais de deslocamento explique essa explosão de violência sexual, a inadequação da resposta humanitária e as condições de vida desumanas nesses locais alimentam o fenômeno”, disse MSF.
Nos três anos anteriores, as equipes de MSF relataram ter tratado uma média de 10.000 vítimas de violência sexual no país por ano - o que significa que 2023 marca um aumento maciço de casos.
Uma em cada 10 vítimas tratadas por MSF em 2023 eram menores de idade.
Um elevado número de agressões sexuais também foi registado em 2024 pelas equipas de MSF, que trataram mais de 17.000 vítimas e sobreviventes entre janeiro e maio no Kivu do Norte.
“MSF apela a todas as partes envolvidas no conflito para que garantam o respeito pelo direito internacional humanitário”, disse a instituição de caridade.
“Em particular, apela à proibição absoluta de actos de violência sexual, mas também ao respeito pela natureza civil dos locais de deslocação”.
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