A vitória do MPLA nas eleições do dia 24 foi marcada por uma queda de apoio no eleitorado.
Com oficialmente 51,17 por cento dos votos, esta confirmada a tendência de perda de apoio em cada eleição.
Alguns analistas angolanos consideram tal facto um sinal de que o MPLA poderá atravessar uma crise interna antes das próximas eleições e se esta tendência continuar o partido pode ser afastado do poder.
O antigo dirigente do MPLA e general na reforma Manuel Mendes de Carvalho Pacavira “ Paka” diz que a perda de mandatos nas últimas eleições resulta do que chamou de “arrogância” do partido, na pessoa do seu líder, João Lourenço, demonstrada durante a campanha eleitoral.
“Era previsível em função da arrogância que o MPLA teve”, considera o general “Paka” , para quem o “MPLA está desgastado e já perdeu o seu carácter de partido de massas”.
O general na reforma afirma ter "pena'' pela forma como o partido foi descaracterizado, transformando-se “num partido da direita”.
“Não vamos esperar mais nada nos próximos cinco anos do que uma ditadura”, conclui.
Para o investigador Francisco Tunga Alberto, os maus resultados eleitorais demonstram que “aquele edifício que era sólido perdeu os seus pilares”.
Por outro lado, Alberto antevê um período de caça às bruxas no seio do MPLA em função das sucessivas perdas de mandatos no Parlamento.
Opinião contrária tem, entretanto, o analista político Pedro Capracata, quem entende que a perda de cerca de 10% dos lugares no Parlamento, em relação à legislatura anterior, “não significa um tombo para o MPLA nas eleições de 2027”.
“O que ocorreu foi mais um etapa na longa caminhada do MPLA e, em 2027, nas tais praças eleitorais onde perdeu, poderá bater 5-0 senão for 4-1, e demonstrar que o partido está mais forte e renovou-se como nunca”, disse Capracata.
De recordar que o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, disse na última semana que a perda de milhão de votos face a 2017 deveu-se à atitude dos militantes do seu próprio partido que não votaram.
"Quem nos prejudicou foi o nosso próprio partido. Temos noção que a abstenção nos prejudicou porque estamos no exercício do poder político. Vamos resolver isso internamente", garantiu o dirigente do MPLA que considerou que "a abstenção é maioritariamente do partido".