A dois meses das eleições em Angola, aumenta a tensão entre os partidos concorrentes, em particular quanto ao financiamento pública da campanha eleitoral.
Apesar do dinheiro não ter chegado ainda aos cofres dos partidos, a oposição acusa o MPLA estar a prejudicar, de forma intencional as suas acções, enquanto o partido no poder acusa as demais forças de desorganização.
"As verbas já são irrisórias e ainda assim a distribuição atrasa, isto é para impedir que os partidos se organizem a tempo", denuncia o vice-presidente da UNITA.
Raul Danda acusa o MPLA de ser o responsável por este atraso por acreditar que o seu candidato João Lourenço não precisa deste financiamento.
“Uns partem a frente com os recursos do país numa promiscuidade que não tem nome, utilizam meios do Estado, aviões, entre outros, e faz-se esta encenação de distribuição de verbas”, reforça.
“Uma ostentação” que, para a CASA-CE, além de considerar "desleal e injusta", configura de corrupção activa que o mesmo candidato do partido no poder diz querer combater.
“O candidato do MPLA usa milhões e milhões de dinheiro a fazer campanha de luxo com ostentação e opulência, com o país em crise como eles alegam, mas onde sai este dinheiro todo?”, diz Leonel Gomes, secretário geral do partido, que defende uma investigação da Procuradoria Geral da República “ao mesmo candidato que promete combater a corrupção, enquanto distribuindo bens para garantir votos, o que é uma forma de corrupção.
O partido no poder, por seu lado, através do deputado João Pinto, justifica o dinheiro com meios do partido e os apoios que recebe de privados.
“O candidato João Lourenço é formado na ortodoxia da disciplina e da organização do MPLA, acham que ele iria se expor em confusões, usando meios do Estado, esta gente está enganada”, responde Pinto que admite que o seu candidato está em desvantagem “pelo facto de ser ministro da Defesa, poder representar o PR em inaugurações, como acontece com qualquer governo na Europa."
O deputado vai mais longe e acusa os partidos da oposição de “estarem mal organizados e veem no MPLA como bode expiatório da suas incapacidades, sempre com discursos falaciosos e não conseguem tirar proveito da quotização dos seus membros, como MPLA, que tem uma tradição de disciplina e organização".
As eleições gerais realizam-se a 23 de Agosto.