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Moçambique: Pobreza mais notável na sequência da descoberta das “dívidas ocultas”


Arguidos, Caso "Dívidas Ocultas", Maputo, Moçambique
Arguidos, Caso "Dívidas Ocultas", Maputo, Moçambique

O Governo de Moçambique assume na Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025-2044, aprovada pelo Conselho de Ministros, no passado dia 17, que a pobreza aumentou 87 por cento em 10 anos, sendo que a maior subida se registou no período em que os principais parceiros haviam deixado de prestar assistência financeira ao país, na sequência da descoberta do escândalo das dividas ocultas.

Esta situação, de acordo com o documento, aprovado quase no fim do mandato do Presidente Filipe Nyusi, deve-se ao crescimento económico inferior ao esperado, que resultou num menor investimento, aumento do desemprego e redução da capacidade do Governo para financiar programas sociais e infra- estruturas essenciais entre 2015-2023.

Moçambique: Pobreza mais notável na sequência da descoberta das “dívidas ocultas”
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A Estratégia Nacional de Desenvolvimento indica que 46 por cento da população moçambicana está abaixo da linha de pobreza de consumo em 2015, mas esta cifra subiu para 65, em 2022, e que a desigualdade também aumentou consideravelmente.

Outra observação importante é que 37 por cento das crianças com menos de cinco anos sofrem actualmente de desnutrição crônica em Moçambique, realçando-se ainda que o Produto Interno Bruto –PIB tem crescido sete por cento ao ano durante duas décadas, mas a pobreza aumenta.

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“A corrupção endêmica em vários setores da sociedade põe em causa a confiança dos cidadãos e a eficácia da governação’’, diz o Governo, acrescentando que os sequestros se tornaram uma ameaça atual à segurança pessoal e à ordem pública.

O economista João Mosca diz que esta situação não vai mudar enquanto não forem tomadas medidas de choque, que passem pela diversificação da economia e maior investimento em toda a cadeia de valor da produção agrícola, porque, ‘’isso é que pode contribuir para combater a pobreza’’.

O Governo diz ainda que os ciclones têm causado danos económicos e sociais avultados. Para o Executivo, estes eventos foram ainda conjugados com o aumento de preços dos alimentos e choques climáticos que afetaram a produção agrícola das famílias e a área de transportes.

O sociólogo Francisco Matsinhe diz estar de acordo com as observações do Governo, mas em sua opinião, o que contribuiu em grande medida para o aumento da pobreza em 10 anos, foi o facto de Moçambique ter deixado de contar com o apoio da comunidade internacional ao Orçamento de Estado, por causa das dividas escondidas.

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