Os recentes ataques em Cabo Delgado em zonas próximas à cidade de Pemba estão a provocar uma nova vaga de deslocados naquela região. Muitos fogem após relatos horripilantes feitos pela população.
A Organização Internacional das Migrações (OIM) estima que quase 12.000 pessoas tenham fugido depois do ataque em Ancuabe. Segundo um relatório da OIM, mais de metade são crianças e há pelo menos 125 grávidas entre a população aterrorizada, parte da qual em fuga pela segunda vez, abandonando locais onde estavam a recomeçar a vida, facto confirmado por Carlos Almeida da ONG Helpo, que tem vários projectos na região.
"Depois do ataque em Ancuabe no dia 5 de Junho, às populações quer de Ancuabe e quer de Metuge, instalou-se um clima de pânico sobretudo entre as pessoas deslocadas que assim que as notícias começaram a correr, abandonaram as aldeias para sítios onde se possam sentir em segurança", disse Carlos Almeida.
A vaga de deslocados está a pressionar a capacidade de assistência humanitária naquela região, segundo a Directora do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Moçambique, Antonella D'Aprile.
“Temos que manter a assistência a cerca de 941 mil pessoas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa, são pessoas deslocadas e famílias hospedeiras que são vulneráveis. Com o anúncio de apoio dos EUA estaremos capazes de ter um ciclo e meio de distribuição de alimentos considerando que passa assistir cerca de um milhão de pessoas são necessário mensalmente cerca de 17.4 de dólares”, disse Antonella D'Aprile.
A Subsecretária de Estado norte-americana para os Assuntos Políticos, Victoria Nuland, anunciou que os EUA vão desbloquear, anualmente, 14 milhões de dólares, por um período de dez anos, visando ajudar na reconstrução e criação de oportunidades de emprego, particularmente, em Cabo Delgado,.
“Hoje tenho o prazer de anunciar um apoio adicional de 14 milhões de dólares e este fundo faz parte de um programa de estabilidade a ser implementado pelo Governo norte-americano em dez países, incluindo Moçambique”, disse Nuland.
Nuland falava após uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no qual reafirmou o desembolso de 40 milhões de dólares para assistência humanitária aos deslocados de guerra em Cabo Delgado e às vítimas de calamidades naturais noutras partes do país.