O relatório de observação eleitoral do consórcio eleitoral Mais Integridade dos primeiros 15 dias da campanha eleitoral conclui haver uma cobertura jornalística tendenciosa e favorável Frelimo por parte da imprensa moçambicana.
Diretor do Instituto de Comunicação da África Austral Antena de Moçambique (MISA-Moçambique) aponta como principal causa para esse favorecimento a "captura dos meios de comunicação social".
A excepção é a Rádio Moçambique que, segundo o levantamento, "tem procurado dar uma abordagem equilibrada sob ponto de vista de espaço, número de peças, peças de abertura e rotatividade dos protagonistas”.
O comunicado daquela plataforma acrescentoa que entre as televisões, além da enorme presença do partido do poder na televisão pública, as demais também fizeram uma cobertura favorável à Frelimo.
O relatório aponta que a STV, privada, ao longo da primeira e segunda semana da campanha, "fez a abertura diária dos telejornais com as atividades de campanha do candidato da Frelimo, seguido da Renamo e MDM".
Nos meios de radiodifusão, no geral, a Frelimo acumulou 29% de toda a cobertura realizada contra 17% para a Renamo, 16% para o MDM e 6% para o PODEMOS”.
"O candidato da Frelimo foi, ainda, beneficiado positivamente televisões através do uso de semi-directos, peças longas que oferecem construções e descrições narrativas da sua campanha com tonalidade positiva, o que ocorre poucas vezes na campanha dos partidos da oposição", continua o comunicado.
Esta tendência de distribuição de cobertura verificou-se, também, nos jornais
diários e semanários, com a Frelimo com quase o dobro da cobertura em
relação ao partido a seguir.
Por exemplo, aponta o Mais Integrade, nos semanários, "a Frelimo teve 38%
da cobertura total a seu favor, contra 21% para a Renamo, 19% para o MDM e
18% para o Podemos".
Nos diários, a 42 por cento dototal das peças foram preenchidas com notícias e reportagens sobre a Frelimo, 24 por cento da Renamo, 18 por cento do MDM e
11 por cento do Podemos.
A organização não governamental afirma que chegou a essas conclusões após analisar 1.470 peças publicadas em órgãos de comunicação social.
Captura da imprensa
O diretor do Instituto de Comunicação da África Austral Antena de Moçambique (MISA-Moçambique), que também integra aquele consórcio eleitoral, aponta como principal causa para esse favorecimento a "captura dos meios de comunicação social num contexto em que ninguém quer ficar de fora, de não estar a apoiar a Frelimo".
"Existe o medo de as empresas que ficarem fora do espaço competitivo, que funciona com base na publicidade, e esta publicidade, de forma maioritária, é controlada por agentes ligados ao partido Frelimo", aponta Ernesto Nhahale, apontando que ficar de fora "pode afetar os seus negócios".
Por outro lado, aquele especialista aponta que os empresários diretamente são os diretores das empresa e "estão ligados à area do jornalismo, havendo pouco espaço entre os gestores e os jornalistas, o que reduz o espaço de negociação".
Em conversa com a Voz da América, Nhahale é de opinião que, apesar de Moçambique ser um país grande e com um enorme área rural, a imprensa ainda faz opinião.
Ouça a conversa com Ernesto Nhahale.
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