Os candidatos a governadores provinciais, nas eleições gerais em Moçambique, continuam, no 14o. dia da campanha, atrelados às promessas eleitorais generalizadas, em apoio aos candidatos presidenciais dos seus partidos, ignorando a descentralização que vai conduzir a sua eleição.
Analistas ouvidos pela VOA consideram que a distância dos políticos em abordar manifestos descentralizados nas suas campanhas revela ainda um receio pelo processo que aparece como um teste à democracia e à igualdade de desenvolvimento das províncias.
“Há muito receio, muita resistência sobre a efectivação desta descentralização em Moçambique e obviamente os políticos preferem manter-se no silêncio, abster-se”, avança Messias Uarreno, para quem o “cenário era de se esperar”.
Uarreno acrescenta que, ao fazerem campanhas atrelados a figura dos seus candidatos presidenciais, os cabeças-de-lista provinciais dos partidos políticos querem “induzir os eleitores a um voto alinhado e cego”, sem necessariamente apostar em melhor manifesto local.
Já o analista Arão Nhancale é de opinião que a ausência da aposta pública do modelo de descentralização nestas primeiras eleições de governadores provinciais denuncia no terreno que o sistema pode não ter sido a melhor aposta, mas surge como forma de resolver conflitos políticos.
“Uma das implicações que eu vejo é que vamos ter uma governação descentralizada sim, mas com muita centralidade (...) porque é ali onde o poder estará centrado pelo menos nos próximos cinco anos”, frisa Arão Nhancale.
Ambos analistas consideram que os partidos políticos voltam a demonstrar as fragilidades históricas no desenho dos seus manifestos eleitorais, com o partido no poder a apontar as realizações e a fazer novas promessas e a oposição a criticar o subdesenvolvimento do país.
Uarreno e Nhancale observam também que os desníveis de potencialidades por província multiplicam os receios políticos para a descentralização por a maioria das províncias ricas em recursos apoiarem a oposição, segundo os últimos resultados eleitorais.