Um grupo armado, ligado ao Estado Islâmico, invadiu na noite de quarta-feira (8), a empresa Grafex, que explora minas de grafite em Ancuabe, matando, por decapitação, três pessoas, e provocando uma nova vaga de deslocados, disseram testemunhas, nesta quinta-feira (9).
O novo ataque ocorreu na noite de quarta-feira, após o governador de Cabo Delgado ter apelado as população a regressar às suas casas, garantido que tinham sido repostas as condições de segurança.
Os dois guardas e um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM), que garantiam segurança na mina de grafite em Ancuabe, explorada pela empresa Grafex Moçambique, uma subsidiária da australiana Triton Minerals Limited, foram surpreendidos pelos atacantes, no portão da firma, contou à VOA um morador.
“Foram decapitados alguns jovens naturais de ‘Silva Macua’, que trabalhavam na empresa Grafex que fica a cerca de 60 quilómetros da sede de ‘Silva Macua’”, disse por telefone o mesmo morador, que descreveu uma “agitação e fuga em debandada” após o ataque na região.
Um dos sobreviventes, que fugiu durante a noite para Metoro, contou à VOA, que o ataque voltou a semear pânico e várias pessoas voltaram a deixar as aldeias em fuga para Pemba.
No cruzamento de “Silva Macua os insurgentes ainda não entraram, mas há uma agitação, cada um quer sair”, disse outro morador.
O grupo ligado ao Estado Islâmico atacou o distrito de Ancuabe, pela primeira vez, no domingo, (5), na aldeia Nanduli.
Esse incidente foi confirmado na segunda-feira, pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba, que, mesmo depois de Nyusi confirmar o ataque, disse que não tinha acontecido, não respondeu ao pedido de comentário da VOA.
Ancuabe é o décimo distrito a ser afectado directamente pela insurgência em Cabo Delgado.