A população de seis distritos da província moçambicana de Sofala queixa-se, nos últimos tempos, de ataques de animais selvagens, sobretudo elefantes e hipopótamos, que matam e devastam campos agrícolas.
No ataque mais recente, uma mulher gestante foi atacada mortalmente, , por um elefante na sua residência, no povoado de Zimuala, distrito de Machanga.
Francisca Ripundo, uma popular, conta que o ambiente que se vive na região é tenso e de desespero, principalmente na calada da noite.
“Vivemos na incerteza, os nossos filhos e todos nós nascemos nesta zona, mas agora com esses animais fica complicado, há risco de morte. Mesmo dentro das próprias casas, passar noite é complicado”, lamenta Ripundo.
A administradora distrital de Machanga, Natália Chivambo, afirma que a população de hipopótamos triplicou nos últimos anos na região, e é uma espécie protegida.
Ela realça que o conflito homem-animal não é novo no distrito. “Em 2022, tivemos a circulação de leões e tínhamos um elefante, mas depois a situação ficou controlada”, diz.
No primeiro trimestre deste ano, em toda província de Sofala foram atacadas 68 pessoas das quais 28 mortas e restantes feridas, segundo Alaijh Mudluli, técnico da fauna bravia afeto à direcção provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente.
Mudluli explica que a perturbação de habitat de animais por via de desmatamento, garimpo e exploração florestal podem estar na origem deste conflito.
“Os animais selvagens vivem normalmente em locais muito calmos, sem nenhuma perturbação, há casos em que os próprios elefantes saem das suas áreas de conservação para áreas habitacionais, por vários motivos, a procura de alimentos e água,” diz.
Para o ambientalista Manuel Jorge há uma necessidade de elaboração de planos de uso da terra a nível distrital, de modo a que nas áreas destinadas à protecção e conservação da flora e fauna não seja permitida a fixação da população humana.
Sublinhando que muita gente vive em áreas protegidas, Jorge diz que isso “contribui para a ocorrência de conflitos. O ideal seria confinar a fauna bravia, especialmente os animais problemáticos em determinadas áreas onde não seria permitida a fixação da população humana”.
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