O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane criticou nesta terça-feira, 25, as declarações, feitas ontem pelo Presidente da República sobre a necessidade de se defender a pátria "mesmo se for para jorrar sangue" contra as manifestações e classificou o discurso de inconstitucional.
Em Pemba, numa reunião do Conselho de Ministros, Daniel Chapo afirmou que as suas palavras estão a ser usadas fora do contexto e que a afirmação dele se referia a manifestações violentas.
“Tal como estamos a combater o terrorismo e há jovens que estão a derramar o seu sangue, para a integridade territorial de Moçambique, para a soberania de Mocambique, para manter a nossa independência, aqui em Cabo Delgado mesmo se for para jorrarmos sangue para defender essa pátria contra as manifestações, vamos jorrar sangue”, afirmou o Presidente moçambicano num ontem na cidade de Pemba.
Hoje, numa cerimónia de celebração dos cinco anos da elevação de Vilankulo na província de Inhambane, à categoria de município, o antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane criticou a afirmação do Presidente que acusa de violar a Constituição.
“A nossa Constituição diz que o direito à vida é um direito fundamental e é por isso que em Moçambique não há pena de morte. Não podemos, de forma alguma, independentemente da nossa posição, ir a público e dizer que, para preservar isto ou aquilo, vamos derramar sangue, é um sanguinário”, afirmou Mondlane, que citou o artigo 145 da Constituição que diz que “o Presidente da República deve jurar cumprir a Constituição, não violar a Constituição”.
Por seu lado, também hoje, o Chefe de Estado respondeu às críticas que correm na imprensa e nas redes sociais, dizendo que as suas palavras foram usadas fora do contexto.
“Temos situações em que as pessoas acabam retirando palavras do contexto em que foram pronunciadas, com o objetivo de manipular a opinião pública“, afirmou Daniel Chapo, quem esclareceu que se referia a manifestações violentas.
“Estamos a apelar para que as pessoas parem de fazer manifestações violentas, ilegais e criminosas. São estas manifestações a que nos estamos a referir”, concluiu o Chefe de Estado.
Confirmação de ataques
Também em Pemba, no final da reunião do Conselho de Ministros, o porta-voz do órgão confirmou a ocorrência de "ataques esporádicos" de grupos rebeldes na província de Cabo Delgado, como a imprensa tem vindo a revelar.
Inocêncio Impissa disse que “a única notícia que nos preocupou nas últimas duas semanas foi no distrito de Quissanga, em que houve alguma movimentação estranha que quase pôs em causa e paralisou a assistência às populações que têm recebido apoios do Governo e de organizações".
O também ministro da Administração Estatal e Função Pública reiterou, no entanto, que as Forças de Defesa e Segurança [FDS] estão a fazer devidamente o seu trabalho.
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