A associação cívica cabo-verdiana Movimento Sokols 2017 promove neste sábado, 25, manifestações na capital, Praia, e nas ilhas de São Vicente e Sal a favor da reforma da Justiça e promete colocar milhares de pessoas nas ruas.
O evento, que também visa protestar contra a prisão do deputado da UCID e advogado Amadeu Oliveira, terá repercussão em algumas comunidades de cabo-verdianos no exterior.
Em declarações à VOA, o líder da associação Salvador Mascarenhas diz que se trata de uma marcha pacífica em que não serão aceites símbolos partidários porque o “objectivo é fazer ouvir a voz do povo sobre a situação da Justiça no arquipélago”, que na óptica da organização, não vai bem e precisa de mudanças urgentes.
"Esta manifestação é da sociedade civil, isso é o que sentimos quando falamos com as pessoas, e acho que vai ser a maior movimentação de sempre pela Justiça... um assunto que a todos interessa e até ao próprio Governo porque havendo muita gente nas ruas o Executivo terá maior legitimidade para promover mudanças”, defende Mascarenhas.
Filomeno Rodrigues, um dos promotores da iniciativa na capital, Praia, acrescenta que a manifestação está aberta à participação de todos que se consideram injustiçados e que querem que a justiça esteja ao serviço dos cidadãos e na salvaguarda dos seus direitos.
Facto Amadeu Oliveira
Outro motivo das marchas é a solidariedade para com o deputado e advogado Amadeu Oliveira, que se encontra preso preventivamente em São Vicente, e que tem feito uma campanha por mudanças no sector nos últimos anos.
A propósito da prisão do deputado da UCID , o jurista, escritor e prémio Camões, Germano Almeida, diz que pelo que é acusado, Oliveira nunca devia estar na cadeia.
No entanto, reconhece que o parlamentar pode estar a incorrer em crime quando insulta os juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
" Aí sim, podia justificar a prisão e possível condenação, agora da forma como foi e os motivos evocados não têm nenhuma justificação jurídica", acrescenta Almeida, para quem a prisão de Amadeu faz lembrar as "medidas de segurança do tempo do fascismo".
O líder da associação ainda exortou os cabo-verdianos no exterior a se concentrarem em frente às embaixadas de Cabo Verde para manifestar a sua indignação ante a situação actual da Justiça.