A morte de centenas de cabeças de gado no município de Caimbambo, o maior parque pecuário da província de Benguela, devido à falta de chuva, fez soar o alarme entre criadores, havendo quem aponte para a existência de uma peste.
Com as represas sem água, o sector da Agricultura recorre à FAO, Fundo das Nações Unidas para Alimentação, no sentido de encontrar fórmulas para um problema que afecta a economia da região.
Fala-se em quase duas mil mortes nos últimos dois meses, período de crise no pasto devido à seca, mas as estatísticas, questionadas pelas autoridades, não serão, agora, tão relevantes quando se olha para a possibilidade de uma peste.
Antigo criador tradicional, o pecuarista Pedro Ngala teme que o drama, confinado ao sector camponês, chegue aos empresários, no que conformaria um revés na luta para a produção de carne nacional.
“Fala-se da seca, do pasto que é fraco, mas também há uma peste. Vimos carcaças dos bois, é alarmante e dá medo. Nunca morreu assim tanto gado, até porque há linha de água, há rios. A veterinária deve recolher as fezes e carne para mandar para laboratórios’’, sugere o pecuarista.
Os criadores são obrigados a vender às pressas, a um preço muito inferior ao valor real.
Daí o alerta de um empresário preocupado com a saúde pública.
“As pessoas aproveitam-se e abatem o gado. Mas o animal abatido e magro não tem proteínas, é um perigo para quem consome’’, avisa Ngala.
Em entrevista à VOA, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, falou do cooperativismo como uma medida a ter em conta.
“Esperar que o Estado faça tudo é, como se diz, ‘morrer na praia’. Aliás, as mortes de milhares de bovinos são uma prova disso. É também resultado do espírito individualista, todos querem ser maiores, pequenos ficam em murmúrios e ninguém cria associações ou cooperativas’’, refere Severino.
O sector da Agricultura levou ao Caimbambo, 110 quilómetros da cidade de Benguela, técnicos da FAO, agência das Nações Unidas que volta a estender as mãos à província após o apoio no combate à praga que devastou largas toneladas de tomate.
Dados disponíveis indicam que o município em causa controla pouco mais de 100 mil bovinos.