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Morreu Kaká Barbosa, poeta e músico cabo-verdiano


Kaká Barbosa
Kaká Barbosa

Faleceu na cidade da Praia, em Cabo Verde, no dia em que completou 70 anos de idade, nesta sexta-feira, 1, o poeta, contista, músico e ativista Kaká Barbosa.

A imprensa cabo-verdiana refere que faleceu depois de doença prolongada no Hospital Central Dr. Agostinho Neto.

Kaká Barbosa é um dos grandes nomes da cultura cabo-verdiana, com dezenas de composições, sempre em crioulo, com forte enfoque na afirmação da cabo-verdianidade, independência e liberdade, com um estilo próprio e que marcaram gerações.

Artistas e grupos de remome, como Mayra Andrade e Simentera, entre vários outros, cantaram suas composições com um forte cunho “revolucionário e nacionalista”, como afirmam muitos colegas nas redes sociais.

“Lamento profundamente a morte de Kaká Barbosa que é um escritor, compositor musical, um artista e, portanto, isso representa para Cabo Verde uma perda enorme e aproveito este momento para endereçar as minhas sentidas condolências a todos os familiares e a todos os amigos do falecido”, disse o Presidente da República, Jorge Fonseca, hoje aos jornalistas.

O ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abrãao Vicente, escreveu na página de Facebook do Ministério que “a nação cabo-verdiana perde hoje um dos grandes, um nome incontornável da escrita em crioulo, da prosa tradicional, da pesquisa na língua cabo-verdiana e na construção de uma verdadeira narrativa nacional sobre raiz da caboverdianidade”.

Vicente sublinhou que o país “perde uma voz única no canto popular e na poesia de inspiração revolucionária”.

O escritor, membro da Academia Cabo-Verdiana de Letras, e diplomata Jorge Tolentino escreveu na sua página no Facebook que “Kaká Barbosa deixa a Cabo Verde uma herança grandiosa e muito desse seu contributo, pleno de criatividade, é pura e simplesmente incontornável na cultura cabo-verdiana”.

Filinto Elísio, crítico e editor literário, afirmou também nas redes socais que “uma homenagem teremos de prestar a este cidadão, tributo mais do que merecido e justificado.

Também o escritor e antigo ministro da Cultura, Manuel Veiga, reagiu “Não morreu, não”.

“Passou para uma outra dimensão. Sempre hei de lembrar-me do amigo, do compatriota, do poeta, do compositor, do confrade, do conterrâneo”, continuou Veiga, quem concluiu: “ eu me curvo diante da tua grandeza e, com profundo pesar".

A jornalista e escritora Margarida Fontes publicou na sua página no Facebook o que escreveu sobre os últimos livros de Kaká Barbosa, “Caminhos Cantantes–Terra Eleita” e “Descantes da Minha Ribeira, Estórias e Contos”.

“Os escritos de Barbosa levam-nos, definitivamente, para as histórias galantes do contista francês, Guy de Maupassant, que no século XVII, também legou para a literatura contos que conseguiam, de uma sentada, ser realistas e fantásticos. Se tivesse que recriar um persona de uma outra vida para o contista Kaká Barbosa, seria claramente esse autor francês que consegue extrair do chão da realidade, o fantástico, as almas penadas, os loucos e os miseráveis”, disse na altura.

Trajetória marcante

Poeta e contista, Barbosa publicou cinco obras, das quais três em crioulo (Vinti Xintido Letrado na Kriolu, Son di ViraSon e Konfison na Finata) e duas em português (ChãoTerra Maiamo e Cântico às Tradições).

Informações de amigos indicam que ele tinha pronto para publicação duas colectâneas de poesia e um livro com as suas composições, que teria por título “Letras, Sons & Concertos”.

Entre vários outros registos, Kaká Barbosa foi membro fundador do Movimento Pró–Cultura, da Associação dos Escritores Cabo-Verdianos e da Sociedade de Autores Cabo-verdianos, que o homenageou com uma gala em fevereiro deste ano.

No ano passado foi homenageado também no ano passado pelo festival Grito Rock.

Combatente da Liberdade da Pátria, ativista e sindicalista, Kaká foi galardoado com a Medalha de Mérito por ocasião do 30º Aniversário da Independência Nacional, em 2005, pelo ex-primeiro-ministro, José Maria Neves, e com a 1ª Classe da Medalha do Vulcão pelo então Presidente da República, Pedro Pires.

Era membro da Academia Cabo-Verdiana de Letras.

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