O autor de “Da Ditadura à Democracia: uma abordagem conceptual para a libertação, sobre estratégias de luta contra ditaduras” morreu aos 90 anos, na sua casa, escreveu o The Guardian.
Gene Sharp morreu no domingo, 28 de Janeiro, em Boston. A sua morte foi confirmada na terça-feira, 30 de Janeiro, por Jamila Raqib, directora executiva da Instituição Albert Einstein, fundada por Sharp em Massachussets em 1993.
Gene Sharp, de acordo com a organização The Right Livelihood Awards - que o galardoou em 2012 com o chamado 'Nobel alternativo' -, "desenvolveu e articulou princípios e estratégias de resistência pacífica e apoiou a sua implementação prática em áreas de conflito ao redor do mundo".
A obra de Sharp esteve na base da prisão e acusação de 17 activistas angolanos, em Luanda, por rebelião contra o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em 2015.
Na altura, Gene Sharp disse em entrevista nunca ter pensado que o seu livro pudesse levar pessoas à prisão.
"O meu livro não defende golpes de estado"
Quando em Junho de 2015, 17 activistas foram presos por terem sido encontrados a ler o livro de Sharp, o teórico ficou surpreendido ao saber que um dos argumentos para a detenção dos activistas foi estarem em posse do seu livro: "O meu livro não tem mesmo nada a ver com golpes de Estado é uma obra sobre formas pacíficas de mudança", disse em entrevista ao site Rede Angola, acrescentando que o seu livro "só é subversivo para as pessoas que defendem ditaduras”.
Sharp era professor de Ciências Políticas da Universidade de Massachusetts e lançou “Da Ditadura à Democracia: uma abordagem conceptual para a libertação, sobre estratégias de luta contra ditaduras”, em Banguecoque, na Tailândia, em 1993 com o comité para a restauração da democracia na Birmânia, em associação com o jornal Khit Pyain.
O livro enumera 198 formas pacíficas de luta pela democracia.