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Morre Lilica Boal, antiga diretora da Escola Piloto do PAIGC e combatente pela independência


Maria da Luz Freire Andrade Boal, Lilica Boal, antiga diretora da Escola Piloto do PAIGC, em Conacri
Maria da Luz Freire Andrade Boal, Lilica Boal, antiga diretora da Escola Piloto do PAIGC, em Conacri

“A sua generosidade e sentido do bem comum dão-lhe a imortalidade”, escreve o Presidente de Cabo Verde

A antiga diretora da Escola Piloto do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) , que funcionou em Conacri, durante a luta da libertação daqueles dois países, Maria da Luz Freire Andrade Boal, morreu nesta quarta-feira, 6, aos 90 anos de idade, na cidade da Praia.

Ela protagonizou uma conhecida fuga de estudantes de países africanos de Lisboa para Paris a fim de se juntarem à luta liderada por Amílcar Cabral, em 1961.

Conhecida e chamada sempre por Lilica Boal, nasceu no Tarrafal, ilha de Santiago, em Cabo Verde, e foi uma das primeiras mulheres a aderirem à luta do PAIGC.

Numa primeira reação à morte dela, o Presidente da República destacou que ela dedicou mais de 70 anos da sua vida à luta pela liberdade.

“A sua generosidade e sentido do bem comum dão-lhe a imortalidade”, acrescentou José Maria Neves, que concluiu: “Mulher de causas, dedicou-se de corpo e alma ao processo de reconstrução nacional, tendo-se destacado nas áreas da educação, igualdade de género e solidariedade social.

Em Junho de 1961, Lilica Boal integrou o grupo de estudantes africanos que protagonizou uma famosa fuga de Lisboa para Paris, de onde seguiram para se juntarem aos movimentos de libertação, na Guiné, Cabo Verde, Angola e Moçambique.

Durante a luta pela independência, ela residiu em Dakar, no Senegal, onde se dedicou a mobilizar cabo-verdianos para a luta, e em Conacri, capital da Guiné-Conacri, quartel-general do PAIGC, bem como como em Bassorá, na então Guiné Portuguesa.

Em 1969, ela foi escolhida por Amílcar Cabral para dirigir a Escola Piloto do PAIGC, em Conacri, para acolher os filhos e órfãos dos que estavam na linha de combate e preparar os quadros para o pós-independência.

Depois da independência, primeiro na Guiné-Bissau e mais tarde em Cabo Verde, Lilica Boal manteve-se ligada aos setores da educação e da solidariedade social.

Ela foi também a única mulher na primeira legislatura do país.

A pobreza e repressão associada ao Campo de Concentração do Tarrafal, onde ela nasceu, com que conviveu, desde criança, foram marcantes e estiveram entre as razões que a levaram, mais tarde, a juntar-se à luta contra o regime colonial português.

Lilica Boal era casada com Manoel Boal, angolano que conheceu nos tempos de estudantes em Lisboa, e deixa dois filhos.

Ela será enterrada amanhã, 8, na sua cidade natal, Tarrafal.

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