Centenas de moçambicanos fugiram para o Malawi após a troca de tiros entre as forças do governo e as da Renamo. Mas muitos esquivam-se dos centros de refugiados.
Os moçambicanos começaram a entrar no Malawi no início de Julho, depois de os militantes da Renamo terem levado a cabo dois ataques na província de Tete.
A Renamo contesta os resultados das eleições do ano passado e quer autonomia nas províncias do centro e norte, onde tem muito apoio.
Os refugiados estão a ser colocados em Kapise II, uma vila a sul do distrito malawiano de Mwanza.
Headman William Michiwe disse à VOA que a sua vila alberga até agora 775 moçambicanos.
Michiwe conta que “o grupo inclui homens, mulheres e crianças, que vivem em condições alarmantes, com falta de comida e coisas básicas para o dia-a-dia”.
O governo do Malawi iniciou a transferência de moçambicanos para um campo de refugiados no vizinho distrito de Neno.
Segundo o Comissário distrital da Polícia em Mwanza, Gift Lapozo, mais de 119 refugiados foram colocados no acampamento de Luwani, onde são devidamente assistidos pelo governo do Malawi, com ao apoio da Agência das Nações Unidas para os Refugiados e Programa Mundial de Alimentação.
Mas as autoridades dizem que muitos moçambicanos não querem ir aos acampamentos. Alguns fazem-se ao mato e outros omitem a sua identidade.
Na semana passada, algumas pessoas que estão em acampamentos temporários em Kapise II negaram ser moçambicanos. Eles disseram à VOA que estavam no local para visitar amigos moçambicanos, na altura ausentes em biscates algures.
Para Lapozo, os que esquivam dos acampamentos não gostam de viver confinados. São pessoas habituadas a viver livremente e mostram resistência, porque para eles o acampamento é uma espécie de reclusão.
Um dos residentes da vila disse que os refugiados não querem simplesmente estar longe das suas casas em Moçambique.
Apesar da resistência, a transferência de refugiados irá continuar, disse Beston Chisamale, Secretário do Ministério do Interior.
Chisawale acrescentou que o governo informou aos refugiados que serão transferidos e de momento estão a ser transferidos os que disseram que estão prontos.
Não é primeira vez que Luwani alberga moçambicanos. Durante a guerra civil, entre 1977 e 1992, centenas ali viveram.