Em Moçambique há neste momento uma corrente de opinião que advoga a necessidade de se repensar o funcionamento dos partidos políticos, havendo inclusive quem defenda o afastamento de algumas figuras das direcções desses partidos "para dar-lhes mais energia".
É um debate, à frente do qual estão os jovens que acham que os mais velhos não os deixam participar, de forma plena, na tomada de decisões sobre os assuntos mais importantes do país.
Os jovens querem que os mais velhos saiam para que os partidos possam atrair mais membros, sobretudo nos centros urbanos, onde tem sido difícil a mobilização de militantes para as diferentes formações políticas.
Esta semana, o Presidente da República e da Frelimo, Filipe Nyusi, disse que a transição geracional naquela partido não implica a saída dos mais velhos e a entrada dos mais novos, mas "é um processo que se opera com naturalidade."
O analista Laurindos Macuácua diz que na Frelimo a transição geracional é um processo muito difícil "porque os combatentes da luta de libertação nacional não estão a dar espaço para que os jovens possam participar nos processos de tomada de decisão".
Aparentememte, ao nível do MDM, o problema de transição geracional ainda não é muito preocupante, mas o analista Moisés Mabunda afirma que o partido "tem um grande desafio, o de se constituir como partido, criar os diferentes órgãos e ter-se em conta aquilo que são as recomendações desses órgãos".
No que toca à Renamo, há quem defenda que Afonso Dhlakama deve entregar a liderança do partido a jovens, mas há também quem afirme que "isso é extremamente perigoso para a própria Renamo porque o partido depende muito da figura de Afonso Dhlakama".
Alguns analistas fazem notar, da parte de Raúl Domingos, antigo chefe da equipa da Renamo que negociou o acordo geral de paz com o Governo, uma tentativa de retornar ao partido, afirmando que se isso acontecesse, daria mais energia ao partido da oposição.
Contudo, um quadro sénior da Renamo disse que essa hipótese é bastante remota.