O Banco de Moçambique decidiu que a sociedade gestora das pensões dos seus funcionários seja a principal accionista do intervencionado Moza Banco, mas a decisão está a ser contestada por alguns académicos, porque não garante transparência na supervisão bancária.
Alberto Bila, membro do Conselho de Administração do Banco de Moçambique, anunciou que a sociedade designada Kuhanha injectou cerca de 137 milhões de dólares para a compra do Moza Banco, que estava sob intervenção do Banco Central desde Setembro do ano passado.
Comentando a decisão do Banco de Moçambique, o economista Custódio Zimba, disse que a mesma "põe em causa o princípio da transparência, uma vez que são os funcionários do Banco central que supervisionam o sistema bancário nacional".
"Intriga saber qual vai ser o grau de isenção dos funcionários do árbitro na sua função regulatória," escreveu no Facebook académico Jaime Macuane.
Sublinha o académico que "os funcionários do árbitro passam a ser os donos da empresa em que esse mesmo árbitro interveio".
Para o economista Lázaro Cuinica, a decisão de intervencionar o Moza Banco foi boa, "mas esta de a Kuhanha ser a accionista maioritária é de bradar aos céus. É a nódoa que cai sobre o melhor pano", destacou.
Entretanto, outros economistas consideram que "tirando esta questão da transparência, que é importante, é positivo o facto de o Banco de Moçambique ter tomado a decisão de recapitalizar o Moza Banco, porque isso tranquilizou o sistema financeiro moçambicano."
Contudo, o economista António Sitoi diz que os novos gestores do Moza Banco, devem estar atentos às habituais interferências políticas, que podem conduzir o banco à falência.
Sublinhou que "é preciso que os gestores bancários tenham o cuidado de dar créditos com garantias, porque, em muitos casos, os créditos são atribuídos apenas a partir de um simples telefonema, sem garantia nenhuma, e isso descapitaliza os bancos".
Na nova estrutura de accionistas, a Kuhanha detém 80 por cento do MozaBanco, o Novo Banco fica com 10 e a Moçambique Capitais também com 10 por cento.
Em Setembro de 2016, o Banco Central intervencionou o Moza Banco, que enfrentava problemas de liquidez, e instalou um Conselho de Administração provisório, presidido por João Figueiredo.
Entretanto, Figueiredo foi confirmado Presidente do Conselho de Administração do Moza Banco.