Analistas dizem que as acusações de que Moçambique está a violar as sanções impostas ao regime norte-coreano não abonam a favor deste país sobretudo nesta altura em que se encontra mergulhado na crise das chamadas dívidas ocultas.
Algumas correntes de opinião dizem que estas acusações podem ter consequências negativas para Moçambique, numa altura em que o país procura recuperar a confiança dos seus parceiros de cooperação, quebrada após a descoberta das dívidas ocultas.
"A imagem do país está beliscada", considerou Samuel Vitorino, professor secundário, na Matola, cidade satélite de Maputo.
O analista José Machicame, afirma que os diferentes membros das Nações Unidas têm sido cautelosos na abordagem ao nível das sanções, mas a da actual administração norte-americana é ameaçar com represálias qualquer Estado que a contrarie.
"Vimos isso na questão da Palestina; o Presidente norte-americano disse, claramente, que não deixaria sem consequências os países que votaram contra a posição dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel", afirmou aquele analista, sublinhando que "fica um alerta muito forte em relação ao que pode acontecer".
Por seu turno, o analista Francisco Matsinhe considera que esta questão deve ser devidamente investigada, destacando que uma violação das sanções impostas à Coreia do Norte seria uma afronta às Nações Unidas e à União Europeia.
"Seria, acima de tudo, uma afronta ao Japão, que tem investimentos bilionários em Moçambique", realçou.
Contudo, para José Machicame, a cooperação que Moçambique mantém com a Coreia do Norte não é decisiva para o programa nuclear norte-coreano.
Para Machicame, "a questão crítica é o programa nuclear norte-coreano ou então o tipo de cooperação que permita o financiamento desse programa, e não parece que Moçambique esteja com capacidade para isso".
O analista António Ubisse diz que estas denúncias "fazem parte de uma campanha visando asfixiar Moçambique, política e economicamente, tal como acontece com a questão das dívidas ocultas".