Analistas moçambicanos dizem que a purga das fileiras da Frelimo, defendida pelos veteranos desta formação política, revela um partido desavindo e traduz a necessidade de o mesmo se inovar e se revitalizar, face à constante transformação da sociedade moçambicana.
Eduardo Mulémbwe, quadro sénior da Frelimo e forte apoiante do Presidente Filipe Nyusi, falando este sábado no final da IV sessão do Comité Central da Frelimo, admitiu a existência de membros "que vêm as eleições como forma de obter um cargo e benefícios".
Mulémbwe não podia ser mais claro: "há sinais destas práticas, e estamos decididos a fazer a purificação das nossas fileiras, sejam quem for as pessoas em causa".
A par da questão das chamadas dívidas ocultas, a coesão interna da Frelimo foi dos temas debatidos nesta sessão.
O analista Fernando Gonçalves diz que o desafio imediato de Filipe Nyusi "é reconciliar os membros que estão desavindos".
Tomás Salomão, outro membro sênior da Frelimo e antigo Secretário Executivo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral-SADC, disse que "há mudanças que devem ser feitas ao nível do Partido".
Na opinião de analistas, essas mudanças devem ser feitas com urgência, porque, de contrário, a Frelimo poderá ficar parada no tempo.
Entretanto, alguns analistas dizem que uma eventual purificação das fileiras só poderá ser feita durante o XI Congresso da Frelimo, em que serão eleitos os novos órgãos do partido, nomeadamente, o Secretariado, o Comité Central e a Comissão Política, entre outras estruturas.