Analistas divergem quanto ao papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) na recuperação da economia moçambicana. Uns consideram-no irrelevante, outros entendem que é fundamental para a estabilidade macro-económica.
Acesos debates têm decorrido, nos últimos tempos, um pouco por todo o país, sobre o papel do FMI nos esforços para ajudar Moçambique a ultrapassar o período económico adverso que atravessa.
Uma delegação do FMI é esperada ainda este mês, em Maputo, para uma missão que se aguarda com enorme expectativa, uma vez que pode ajudar Moçambique a relançar a sua cooperação com os diferentes parceiros, e por essa via, abrir caminho para a recuperação da economia.
Ao longo dos debates têm surgido vozes defendendo que com uma boa gestão dos recursos naturais, se pode dispensar o FMI, porque com a venda da participação da empresa italiana ENI no bloco 4 do Rovuma, (no âmbito do projecto de exploração de gás natural) o Estado pode arrecadar, do ponto de vista de tributações, cerca de 1.2 mil milhões de dólares, o suficiente para resolver a questão da dívida.
Contudo, o economista António Francisco é da opinião de que esta tese de que com os recursos que tem, Moçambique pode não precisar da ajuda do FMI não é sustentável, sobretudo "porque, neste momento, as agências de rating colocaram o país numa situação de incumprimento".
Por seu turno, o economista Magid Osman, antigo ministro das Finanças, considera que um acordo com o FMI é fundamental, "porque só assim será possível restabelecer a estabilidade macro-económica e recuperar a confiança dos investidores".
Refira-se que ainda este mês, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, deverá reunir-se em Washington, com a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, para, entre outros assuntos, discutir a questão do endividamento de Moçambique.