As empresas privadas moçambicanas sabem que a corrupção está a matar o crescimento empresarial no país, diz um estudo hoje divulgado.
De Março a Maio de 2016, o Instituto de Directores de Moçambique (IoDmz), que junta gestores de empresas moçambicanas, e o Ethics Institute, uma ONG sul-africana que advoga o combate à corrupção, realizaram um "Estudo Anticorrupção do Sector Privado Moçambicano".
Segundo David Seie, que fez parte do estudo, o mesmo foi motivado pelo facto de a corrupção não acontecer apenas no sector público.
"Queremos criar uma aliança com sector privado e encontrar espaço com sector publico para lado a lado combater a corrupção em Moçambique", David Seie.
A pesquisa aponta que a corrupção na obtenção de contratos e nos processos burocráticos, tais como licenças, inspecções, terra e alfândegas são práticas que contribuem para um ambiente permissivo no sector empresarial no país.
"O peso da burocracia e a lentidão na administração pública em Moçambique favorecem a corrupção envolvendo o sector privado e constituem um factor de frustração para as pequenas e médias empresas", sublinhou Joanna Kuenssberg, Alta-comissária britânica para Moçambique.
Kuenssbert disse que "o governo poderia responder a actual crise económica e financeira que o país atravessa, por meio do alívio da burocracia e não do seu incremento (...) a corrupção custa mais para aqueles que menos condições têm, os mais pobres e vulneráveis acabam por pagar pelo enriquecimento de um pequeno grupo de indivíduos".
Para a diplomata, "uma sociedade que passa a aceitar a corrupção como prática normal, desde a escola até ao Governo não será uma sociedade justa".
Sobre quais eram os incentivos para uma prática empresarial responsável, a razão mais citada foi a observância rigorosa dos regulamentos internacionais por parte de muitas empresas estrangeiras, pelo que o estudo aponta a adopção de boas práticas corporativas por parte das direcções das empresas privadas.
"A boa governação corporativa, a boa liderança do negócio, a liderança ética do negócio são questões que são realmente requeridas para nós combatermos a corrupção", disse Seie.
O estudo aponta ainda que muitas empresas – especialmente as pequenas e médias empresas – vêem a corrupção como um meio de sobrevivência num ambiente regulador “pesado”, onde o cumprimento é difícil.