Alguns economistas moçambicanos discordam da ideia de que o sector energético, com importantes projectos envolvendo empresas chinesas, oferece a Moçambique as melhores perspectivas para ultrapassar a crise económica que atravessa, porque a China ainda não é um parceiro fundamental.
A agência de notação financeira SandP diz que a central eléctrica a carvão, envolvendo a Shanghai Electric Power e a Nkondezi Energy, a ser construida na província central moçambicana de Tete, num investimento de 25.5 milhões de dólares, é um dos projectos recentemente lançados com a participação chinesa.
Para além disso, a China deverá assumir-se também como um dos principais clientes do gás natural de Moçambique, onde a China National Offshore Oil Corporation, obteve o primeiro contrato de longo prazo, prevendo a compra anual de entre dois milhões e dois milhões e meio de toneladas de gás.
Esta quantidade corresponde a 1/4 da capacidade de produção da primeira unidade de liquefação associada à Área Um da bacia do Rovuma, cuja produção é liderada pela americana Anadarko.
O economista João Mosca entende que, por esta razão, a curto prazo, o papel chinês não vai ser relevante, "porque, fundamentalmente, a China quer recursos de longo prazo, e nesta área a China ainda não entrou como parceiro fundamental".
Para o economista Rosário Fernandes, o investimento estrangeiro é importante, mas só com uma aposta cada vez maior no investimento directo nacional é que se pode alcançar um desenvolvimento robusto e sustentável.
"Temos que fazer com que a capacidade produtiva doméstica seja forte e robusta nos próximos anos, para podermos competir na região e no mundo, porque isto é que faz crescer e reduzir a dependência em relação ao exterior", sublinhou aquele economista.
Neste momento, intensificam-se no país os apelos da sociedade a uma distribuição transparente dos rendimentos resultantes da exploração dos recursos energéticos para que possam contribuir para a solução da presente crise económica que Moçambique enfrenta.
Na opinião de economistas, todo o investimento que for feito no sector dos recursos energéticos só vai contribuir para se ultrapassar o período económico adverso, se houver políticas claras de transferência dos rendimentos deste sector para outros, de modo a que possam beneficiar a maioria dos moçambicanos.
No seu mais recente relatório sobre Moçambique, a agência de notação de risco Standard and Poors alerta para as actuais dificuldades económicas e financeiras, estimando um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real de apenas quatro por cento, este ano, um dos mais baixos das últimas décadas.
A mesma agência prevê, no entanto, uma aceleração para seis por cento em 2017, e sete por cento em 2018, com investimentos no sector do gás em alta, bem como em redes de energia e transporte.