Em Moçambique, o cessar-fogo das hostilidades militares foi anunciado domingo à noite pelo deputado e chefe da equipa negocial da Renamo, Saimone Macuiane, logo depois de assinatura do memorando de entendimento do fim da guerra com o Governo.
Saimone Macuiane anunciou o fim da guerra não declarada em nome do seu líder Afonso Dhlakama.
O Governo moçambicano, representado pelo ministro da Agricultura e chefe da equipa negocial José Pacheco também anunciou o fim das hostilidades contra guerrilheiros armados da Renamo, com efeitos imediatos, em nome do presidente Armando Guebuza.
A tensão político-militar, caracterizada por ataques armados contra militares e civis, que provocaram mais de duas dezenas de mortos e feridos, durou mais de dois anos, com a Renamo a exigir paridade nos órgãos eleitorais e nos cargos de chefias das Forcas Armadas e Segurança, despartidarização das instituições do Estado e redistribuição da riqueza gerada pela exploração dos recursos minerais, sobretudo gás natural e carvão mineral.
Durante mais de 70 rondas de diálogo político, o Governo cedeu na questão da paridade nos órgãos eleitorais, ida de observadores militares estrangeiros para fiscalizarem o desarmamento dos guerrilheiros da Renamo, mas não aceitou a paridade nos cargos de chefia das Forcas Armadas e Segurança.
O presidente Armando Guebuza pediu com sucesso ao parlamento para aprovar uma lei de amnistia para os guerrilheiros e membros da Renamo detidos ou procurados devido ao seu envolvimento na violência militar ou verbal contra a segurança do Estado.
Observadores nacionais consideram que o fim dos ataques armados e o maior ganho do dialogo, apesar de que faltam ainda dois pontos por concluir: despartidarização das instituições do Estado e redistribuição da riqueza, segundo afirmou Lourenço do Rosário, um dos principais observadores nacionais.
Com o cessar-fogo declarado publicamente, o líder da Renamo poderá sair do esconderijo onde se encontra desde Outubro do ano passado para fazer a campanha eleitoral que começa no próximo domingo.
Dhlakama é um dos três candidatos presidenciais ao lado de Filipe Nyusi, da Frelimo, e Daviz Simango, do MDM.