Em Moçambique, especula-se em vários sectores que a indicação de Filipe Nyussi para candidato da Frelimo às eleições presidenciais do passado dia 15 tinha em conta algum interesse subjacente do actual chefe de Estado, Armando Guebuza, e daí que se for eleito poderá não conseguir distanciar-se de quem o colocou lá.
A indicação de Nyussi suscitou debates em vários sectores da sociedade moçambicana, com algumas pessoas a considerarem que dado o facto de ele ser jovem e não ser um histórico da Frelimo, foi nomeado no estrito interesse de Armando Guebuza, também presidente da Frelimo, a quem deverá consultar quando tiver que tomar uma decisão.
O analista politico Luís Loforte não pensa assim porque um homem é sempre um homem, tem as suas ideias, muda-as ou consolida-as em função do ambiente que se lhe apresentar na decorrência dos poderes que lhe forem investidos.
Na sua opinião, não é possível o presidente Guebuza ser ele sozinho a nomear alguém para um cargo tão elevado e pode atá acontecer que o próprio Nyussi tenha por detrás dele um conjunto de forças que o catapultaram para ser candidato a Presidente e, neste caso, para a Presidência da República.
"Na minha opinião, por iniciativa própria, quando tiver que decidir, pode acontecer uma ou duas vezes em que terá que consultar o Guebuza, mas chegará o momento em que ele como pessoa, com o seu staff, ver-se-á obrigado a tornar independente a sua decisão", disse o analista.
Afirmou ainda esperar um momento em que Filipe Nyussi, pessoalmente, vai reivindicar um poder maior para implementar as suas ideias e, nessa altura, vai começar o debate.
Luís Loforte referiu que no recente congresso da Frelimo, perguntaram ao ex-presidente da República Joaquim Chissano se Filipe Nyussi não iria encontrar uma estrutura bicéfala, já que se sabe que o partido é que decide e não o Governo de forma independente?
Chissano respondeu que na altura própria, "nós vamos mudar", o que quer dizer que assim como ele próprio quando passou o poder para Guebuza terá dado sinais de que quereria preservar o poder na Frelimo, viu as coisas mudarem em função da nomeação de Guebuza como chefe de Estado, e até com a particularidade deste ter assumido a chefia da Frelimo dois anos antes do acto eleitoral.