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Moçambicanos esperam que a trégua abra caminho à paz


A população da Beira, na província moçambicana de Sofala, celebra o prolongamento de 60 dias da trégua, anunciada pela Renamo, considerando ser a via para a ressurreição politica e económica e faz rasgados apelos para que se alcance uma paz efectiva e duradoura.

Moçambicanos esperam que a trégua abre caminho à paz
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Comerciantes e transportadores admitem à VOA que a trégua, com o levantamento das escoltas militares obrigatórias nos troços das principais estradas do centro do país, veio aliviar as transações, com o maior fluxo de pessoas e bens, o que fará dinamizar a economia.

“Essa trégua é satisfatória porque há dias fazíamos Nampula-Beira em dois ou três dias, devíamos enfrentar colunas e era um transtorno, quando agora com essa trégua já viajamos por um dia, aquele mesmo horário habitual, os passageiros já chegam a tempo e hora nos seus destinos, é de louvar esta trégua, esperamos que continue assim”, afirma António Manuel, um transportador de passageiros, que espera que a trégua prevaleça para sempre.

A paz tem de ser efectiva

Cesaltina Américo, comerciante da Beira, diz acreditar que a trégua seja um caminho para a paz, mas apela ao Presidente da Republica para que continue a lutar pela paz efectiva, que possa durar para sempre.

“Como comerciante sentia a dor (do conflito). Sempre que saía de casa a família ficava preocupada e não sabia se havia de voltar ou não porque sempre haviam ataques (nas estradas), e mesmos os produtos estavam a preços mais elevados, agora acredito que as pessoas vão baixar os preços, e assim poderemos alimentar a família”, frisa Cesaltina Americo.

Um morador da Beira, João Chicote, partilha da opinião de que a trégua seja um mecanismo para abrir espaço para que o diálogo politico que ocorre na cidade de Maputo seja viabilizado, mas apela que neste intervalo do cessar-fogo se explore ao máximo o ambiente para o retorno à paz.

“A ideia é que não haja pressão militar sobre a comissão mista na discussão sobre a descentralização (politica e económica) em Moçambique”, observa João Chicote, que acredita que a trégua vai dar espaço às delegações do Governo e da Renamo “a fazeremas melhores reflexões, sem incidentes ou interferências militares para que as ideias fluam melhor".

Sem pressão sobre os negociadores

Para Alberto Cassimo, também morador da segunda maior cidade de Moçambique, e berço da oposição, a trégua vem demonstrar a grande capacidade interna de pacificação do país, para fluir a economia e política.

“A trégua vem demonstrar que apesar de haver divergências politicas não pode influenciar na livre circulação de pessoas e bens em Moçambique”, sublinha Alberto Cassimo, insistindo que a trégua “é um sinal de que a paz está por vir, a espectativa é que as partes consigam um entendimento para uma paz efectiva e duradoura”.

Cassimo felicita, contudo, a conversa milagrosa entre o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que desbloqueou o que a comissão mista na mesa de diálogo não conseguiu fazer em vários meses de discussões.

“Levou-se muito tempo, diálogo, comissão mista, muitas discussões que não trouxeram resultados esperados, mas só foi na base de um telefonema que conseguimos passar as festas natalícias em paz, as colunas pararam, os moçambicanos passaram bem as festas, isso é um grande alivio, Moçambique esta com caminhos andados para o alcance da paz”, conclui.

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou na terça-feira, 3, o prolongamento de 60 dias da trégua de uma semana para permitir as negociações de paz entre o executivo e o principal partido da oposição, sob mediação internacional, de que se mostrou optimista.

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