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Moçambique: Protestos contra portagens, a ponta de uma crise financeira


Manifestantes seguram uma reprodução uma boneca da personagem da Disney, Minnie Mouse, enquanto se concentram junto a uma portagem bloqueada da autoestrada que liga a capital moçambicana, Maputo, ao seu maior subúrbio, Matola, a 23 de janeiro de 2025.
Manifestantes seguram uma reprodução uma boneca da personagem da Disney, Minnie Mouse, enquanto se concentram junto a uma portagem bloqueada da autoestrada que liga a capital moçambicana, Maputo, ao seu maior subúrbio, Matola, a 23 de janeiro de 2025.

A retomada da cobrança das tarifas tornou as portagens palco de constantes protestos entre automobilistas e gestores.

Depois de mais de um mês sem cobrar as portagens devido às manifestações pós-eleitorais em Maputo, as concessionárias das portagens montadas nas principais estradas de Maputo tentam recuperar as perdas registadas durante aquela fase.

No entanto, a retomada da cobrança das tarifas tornou as portagens palco de constantes protestos entre automobilistas e gestores.

Moçambique: Protestos contra portagens, a ponta de uma crise financeira
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A convivência entre as concessionárias das portagens montadas nas estradas da cidade e província de Maputo continua longe da normalidade.

Depois de cerca de dois meses sem cobranças, na sequência das manifestações pós-eleitorais e da recomendação do então candidato presidencial, Venâncio Mondlane, para que o boicote ao pagamento das taxas de uso, as empresas Trans African Consession (TRAC) e a Rede Viária de Moçambique (REVIMO) voltaram a impor o pagamento.


Continuam os protestos contra pagamento de portagens em Maputo 
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A medida, que vigora há quase duas semanas, continua a ser mal recebida pelos automobilistas que, apoiados por grupos organizados ao nível de alguns bairros, vão ameaçando com bloqueios e ondas de protestos contra as cobranças.

Automobilistas queixam-se

Nesta segunda-feira, 10, a Voz da América acompanhou em Maputo o movimento nas portagens da Matola e Katembe e o ambiente era caraterizado por um misto de protestos e conformismo entre os automobilistas.

“Está insustentável o valor cobrado. O Governo não está a pagar salários e ainda nos cobram portagens, onde é que vamos arranjar o dinheiro para pagar”, diz um dos automobilistas ouvidos.

Na portagem da Matola, gerida pela concessionária sul-africana TRAC, a tensão voltou hoje a ser a nota dominante.

Durante as primeiras horas do dia vivia-se uma espécie de paga quem quer.

Através da lei do grito de protesto, vários automobilistas tiveram acesso livre, e quem optava por não pagar, a justificação era sempre a mesma: “Queremos a redução da taxa cobrada”, diziam os automobilistas.

Prejuízos para a economia

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA, nas siglas em inglês), a organização que junta o patronato nacional, olha para os protestos que visam as portagens como um problema que terá consequências económicas sérias para o país e a região.

“Como sabe, os bloqueios às portagens estão a acontecer, maioritariamente no corredor de Maputo, que é por onde passa grande parte do comércio internacional de Moçambique e é o maior corredor logístico do país, ligado ao maior porto nacional. Esses bloqueios afectam, claramente, o nosso comércio internacional, tanto do ponto de vista de exportação, mas, acima de tudo, das importações e mercadoria em trânsito, onde Moçambique, ao nível da SADC, representa cerca de 70% da mercadoria em trânsito”, afirma Eduardo Sengo, secretário executivo da CTA.

Por outro lado, o economista Egas Daniel considera que o bloqueio das portagens como uma pequena parte dos problemas que o país enfrenta e que precisam de soluções mais profundas.

Para Daniel, oalto índice de desemprego é um dos principais problemas que deve ser atacado para que a atual vaga de manifestações deixe de ser uma constante.

“Neste momento há cerca de 500 mil jovens que entram anualmente na idade ativa e, desses, apenas 30 mil são absorvidos pelo emprego formal. Os restantes procuram outras formas de sobreviver através do mercado informal e outras formas que desconhecemos. Essa massa desempregada, sobretudo jovem, é que, em qualquer gatilho de instabilidade, está disposta a aderir, até a práticas ilegais para fazer valer os seus interesses”, alerta Daniel.

O Governo ainda não se pronunciou sobre esta problemática.

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