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Moçambique: mudanças climáticas criam crise alimentar aguda


As autoridades governamentais dizem que a pobreza nas zonas rurais agrava a situação das pessoas afectadas pelas calamidades naturais. Organizações da sociedade civil dizem que o número de pessoas a necessitar de ajuda alimentar urgente é superior ao indicado pelas autoridades governamentais

Mais de 120 mil pessoas estão numa situação de crise alimentar aguda devido a choques climáticos, nomeadamente seca, cheias e inundações que afectaram a produção agrícola nas províncias moçambicanas de Inhambane e Maputo sul do país. Em Inhambane, algumas pessoas sobrevivem de tubérculos e frutos silvestres e queixam-se da falta de assistência por parte das autoridades governamentais.

Na província de Inhambane, o distrito de Funhalouro é o mais afectado pela seca porque há cerca de dois anos que não chove, impossibilitando a produção agrícola. ‘’Aqui as pessoas alimentam-se de frutos silvestres’’, afirmou Reginaldo Martins, residente local.

Telma Feliz, outra residente de Funhalouro, diz enfrentar inúmeras dificuldades para alimentar os seus dois filhos menores porque a única coisa disponível para comer é um tubérculo amargo, e queixa-se ‘’da falta de apoio das autoridades governamentais’’.

O governador provincial de Inhambane, Eduardo Mussanhane, diz, no entanto, que tudo está a ser feito para mitigar o sofrimento das pessoas afectadas pela fome em Funhalouro.

Entretanto, António Pacheco, do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar, SETSAN, diz que pelo menos 96 mil pessoas necessitam de apoio alimentar urgente, nos distritos de Matutuine, Manhica, Namaacha e Magude, igualmente por causa de choques climáticos, sobretudo chuvas e calor intensos, registados no inicio.

Contudo, organizações da sociedade civil dizem que o número de pessoas que necessitam de ajuda alimentar urgente é superior ao indicado pelas autoridades governamentais, sendo necessário engajar esforços para reverter a situação.

A Secretaria Executiva do SETSAN, Leonor Mondlane, diz que cerca de dois milhões e novecentas mil pessoas estarão em situação de insegurança alimentar aguda em Mocambique até Setembro próximo, e deste total, quinhentas e dez mil pessoas carecem de ajuda humanitária urgente.

As autoridades governamentais dizem que a pobreza nas zonas rurais agrava a situação das pessoas afectadas pelas calamidades naturais, mas Clotilde Malate, da organização Action Aid, assinala que nas zonas urbanas este fenômeno também tende a agravar-se.

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