O cardeal Matteo Maria Zuppi, mediador das conversações que culminaram na assinatura do Acordo Geral de Paz para Moçambique em 1992, chega na sexta-feira, 12, a Maputo, para participar num evento comemorativo dos 30 anos daquele acordo, que apesar de progressos na sua implementação, ainda tem questões importantes por resolver.
O acordo que pôs termo a 16 anos de conflito armado em Moçambique foi assinado a 4 de Outubro de 1992, na sede da comunidade de SantEgídio, em Roma, Itália, e Dom Matteo Zuppi, antecipou a sua deslocação à capital moçambicana, por causa da sua agenda, como arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana.
Fonte da representação da comunidade de SantEgídio em Moçambique disse que Zuppi vai proferir ainda na sexta-feira uma palestra na Sé Catedral de Maputo, durante a qual apresentará as suas memórias sobre as negociações de paz e uma avaliação do processo de implementação do Acordo Geral de Paz.
Raúl Domingos foi o negociador chefe da Renamo do acordo de paz e diz que Dom Matteo Zuppi foi o pivot desse processo "porque tudo girava à volta dele".
"Ele era incansável no contacto e na aproximação das partes, na busca de soluções, e em vários momentos conseguia trazer propostas que fossem consensuais, desbloqueando assim algumas situações de impasse", acrescenta o futuro embaixador moçambicano junto do Vaticano.
A comunidade de SantEgídio diz que estas foram das negociações de paz bem sucedidas a nível mundial e Raúl Domingos está de acordo, mas sublinha que o acordo ainda tem assuntos por resolver, mormente os relacionados com o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos guerrilheiros da Renamo.
"Há momentos em que faltam recursos para o pagamento de subsídios dos militares desmobilizados e isso cria, de alguma forma, situações que podem retardar o processo, mas o que podemos perceber é que as partes têm estado a envidar esforços para que tudo decorra de acordo com aquilo que está estabelecido nos acordos", realça.
Entretanto, o cardeal de Maputo, Dom Francisco Chimoio, considera que apesar desse esforço, as autoridades precisam de se empenhar ainda mais na satisfação das necessidades mais básicas dos cidadãos, para que a paz seja duradoira.
Por seu turno, o professor Carlos Samuel diz ser preciso acelerar o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração dos guerrilheiros da Renamo, porque, sem isso, a paz não será efectiva.