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Moçambique: Hospital Central da Beira regista oito mortes por tiros nas manifestações pós-eleitorais


Moçambique, Hospital Central da Beira
Moçambique, Hospital Central da Beira

O Hospital Central da Beira (HCB) registou, pelo menos, oito mortes por baleamento, na onda de manifestações, que eclodiu, na noite de segunda-feira, 23, após o Conselho Constitucional ter proclamado a vitória do partido Frelimo e seu candidato presidencial, Daniel Chapo, nas eleições de 9 de Outubro.

A cidade da Beira é a segunda maior de Moçambique.

“Tivemos oito óbitos de cidadãos que entraram em estado grave e choque, não conseguimos reverter o choque, são pessoas baleadas. Dos 81 pacientes que deram entrada, apenas 10 tiveram alta”, disse a diretora clínica, Ana Tambo.

Ela afirmou que esses casos de óbitos teriam provavelmente sido evitados se as equipas médicas estivessem completas, mas muitos funcionários não conseguem se fazer ao trabalho. Há funcionários que cumprem mais de 48 horas sem rendição.

“Há colegas que estão em casa, tem disponibilidade de vir trabalhar, mas não conseguem encontrar espaços para e fazer a unidade sanitária, porque as vias de acessos estão bloqueadas. Temos disponíveis duas ambulâncias para transportar os colegas, mas não conseguem chegar ao local, este é um grande desafio”, precisou Tambo.

Ela disse que o HCB além do défice de recursos humanos já ressente a falta de material cirúrgico e se não for reposto a situação pode virar um caos.

“O estoque de sangue vai ser um grande desafio, só ontem fizemos 50 transfusões”, disse a médica que explicou que esse nível está acima da média, daí a solicitação de doação aos familiares dos pacientes.

Tambo descreveu como crítica e preocupante a situação da procura dos serviços, assinalando que a cada minuto pacientes dão entrada no hospital, e alguns doentes são observados nos corredores.

Entretanto, o número de mortos na cidade está longe dos dados apresentados pelo HCB. Houve mortes fora do hospital.

As autoridades policiais, que não quiseram prestar quaisquer comentários sobre o assunto, apenas revelaram que em consequência desta onda de manifestações foram detidas 85 pessoas alegadamente encontradas a vandalizar estabelecimentos comerciais.

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