Um grupo armado ligado ao Estado Islâmico atacou nesta quinta-feira, 23, a aldeia Nkoe, em Macomia, que acolhia centenas de deslocados que fugiram dos recentes ataques em Ancuabe, o distrito a sul da província moçambicana de Cabo Delgado,qu e tem sido o novo alvo das investidas dos insurgentes.
Fontes da VOA no local indicaram que a aldeia foi invadida a tiros por cerca das 6:00 horas locais, quando o grupo incendiou 12 palhotas, deixando em desespero centenas de deslocados, que ali tinham sido acolhidos.
Os deslocados tinham fugido para a aldeia Nkoe após os ataques ao distrito de Ancuabe, que iniciaram a 5 de Junho.
“Foi de repente, primeiro entraram a disparar e a população fugiu para mata, e agora que estamos a falar estão a queimar casas”, disse um sobrevivente, enquanto tentava encontrar meios para sair da aldeia.
Alguns deslocados de Ancuabe terão se refugiado em Macomia, o distrito mais próximo que foi declarado seguro pelas autoridades, após a desativação de uma temida base terrorista e de várias células do grupo ao nível local.
Até o fim da tarde, não eram ainda conhecidos dados sobre vítimas humanas, mas uma fonte militar garantiu à VOA que uma intervenção das Forças de Defesa e Segurança e os milicianos tinham expulsado os atacantes, localmente conhecidos por al-Shaabab.
Sabe-se, porém, que até o início da tarde várias pessoas foram vistas carregando trouxas em direcção a Pemba, a capital de Cabo Delgado, numa situação que avoluma a crise da nova vaga de deslocados.
“As pessoas estão desesperadas. Já não sabem para onde fugir”, disse à VOA outro morador de Macomia, frisando que “não entendi quando as pessoas saíram de Ancuabe para Macomia, sabendo que este distrito também é alvo de recentes ataques”.
O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, que falava na sessão do governo provincial na quarta-feira, 22, reconheceu uma crescente instabilidade nalguns distritos que eram tidos como seguros.
“No distrito de Ancuabe no dia 5 de Junho de 2022, quando terroristas assaltaram aquela aldeia (Nanduli) forçando a população a se refugiar, arrastando as populações vizinhas em busca de locais mais seguros”, afirmou Valige Tauabo, adiantando que a situação provocou a nova vaga de deslocados nas últimas semanas.
O dirigente disse ainda que face à investida e, “devido a perseguição dos terroristas pelas forças de Defesa e Segurança, foi necessário acentuar o controlo da circulação de pessoas e viaturas nas estradas que atravessam o distrito de Ancuabe, facto que gerou algumas horas de paralisação da circulação e uso de colunas com proteção militar” a 12 de Junho corrente.
O grupo de insurgentes têm alargado o seu cordão de ataques, sobretudo nos distritos a sul de Cabo Delgado.
Apenas neste mês chegaram a Ancuabe, Chiúre e Mecufi, este último colado à capital de Cabo Delgado, Pemba.