Economistas criticam o facto de Moçambique pretender tornar-se o principal fornecedor de energia elétrica limpa ao continente africano até 2030, num contexto em que grande parte dos moçambicanos não tem acesso à eletricidade.
Esta ambição foi assumida pelo Secretario Permanente no Ministério dos Recursos Minerais e Energia, António Manda, para quem Moçambique dispõe de vários recursos para a produção de energia limpa, para consumo interno e mercado internacional.
Para o economista e pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), Rui Mate, este é um plano político populista, “porque são daquelas coisas que o nosso Governo diz para parecer bonito, e estar a trabalhar em prol do desenvolvimento’’.
‘’Mas é importante pensar em ser o principal fornecedor de energia à região austral de África e Moçambique tem esta capacidade’’, afirma este economista, criticando, no entanto o facto de o Governo privilegiar a exportação em detrimento das comunidades nacionais.
Mate diz não acreditar no plano para eletrificar Moçambique até 2030, “porque para eletrificar é preciso investir fortemente em infraestruturas de transporte de energia e não é isso que está a ser feito neste momento’’.
O economista Eduardo Sengo, diretor executivo da Confederação das Associações Econômicas de Moçambique (CTA) entende, entretanto, não ser proporcional que enquanto não houver energia para todos em Moçambique não se possa exportar, porque os projetos energéticos têm grande interesse para os diversos investidores, não para suportar o mercado moçambicano, mas outros mercados que têm capacidade para pagar melhor.
Exportar para investir
Sengo realça, no entanto, que devido à situação da empresa Electricidade de Moçambique, ainda não é muito atrativo para abastecer o mercado nacional, mas é muito atrativo para responder às necessidades da região, e sublinha ser obrigação do Estado investir na expansão do fornecimento de eletricidade a nível interno.
“Se o Governo for bem sucedido nessa tarefa de exportar energia, pode gerar recursos para lidar com as necessidades da expansão energética para todos em Moçambique, mas isso é outro tema que está ligado à gestão de receitas provenientes de outras exportações,’’ diz Sengo.
E o economista Roberto Tibana defende um maior investimento no sector energia, não só para abastecer o mercado internacional, mas também o nacional, sob pena de colocar em causa o desenvolvimento, “porque o país precisa de energia fiável, que se pode adquirir a preços razoáveis’’.
Este debate decorre quando o Ministério dos Recursos Minerais e Energia diz que o programa Energia para Todos está bem encaminhado, tanto é assim que apenas muito poucos postos administrativos é que ainda não têm eletricidade, e até 2030, todos vão ser electrificados.
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