Empresas petrolíferas que operam em Moçambique dizem estar a ficar sem capacidade para importar combustíveis devido aos preços baixos praticados no país, face ao aumento dos preços que se regista no mercado internacional, ao qual se acrescenta a dívida de cerca de 120 milhões de dólares que o Estado tem para com elas.
E pedem um reajuste dos preços que, no entanto, poderá agravar o custo de vida em Moçambique.
Michel Amade, presidente da Associação Moçambicana de Empresa Petrolíferas (Amepetrol) disse em conferência de imprensa em Maputo que o aumento do preço do barril de petróleo para a casa dos 110 dólares faz com que a estrutura de preços de combustíveis no país esteja desajustada com a que é praticada na região.
“Uma viatura que abastecer gasóleo em Ressano Garcia e atravessar cruzar para Komatipoort estará a pagar em Moçambique 19.89 meticais a menos, isto quer dizer que o preço em Moçambique está desajustado para aquilo que deveria ser o preço internacional”, sustentou Amade para depois acrescentar que “da comparação que nós realizamos entre sete países da região, como Tanzania, Eswatini, África do Sul, Zâmbia, Zimbabwe e Quénia, Moçambique é o país com o produto mais barato nos postos de abastecimento”.
A Amepetrol já fez as contas e sabe que o preço pode ser muito elevado, segundo o seu presidente, mas a situação actual pode levar a que alguns operadores do sector não tenham capacidade para a importação de combustíveis.
Danilo Correia, da Puma Energy Moçambique, avisa também que a situação agrava-se ainda mais devido à crescente dívida que o Governo tem para com estas empresas, num valor que está entre os 100 e os 120 milhões de dólares.
“O preço actual do mercado não está alinhado com o custo do produto, e isso cria com que as empresas tenham contas a receber, no caso a dívida do Governo moçambicano tem com as gasolineiras, que não é recente e se agrava com a situação actual internacional”, aponta Correia.
Muito recentemente, o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, admitiu a possibilidade de revisão em alta do preço dos combustíveis.
“Há discussões com as gasolineiras com vista a encontrar formas de mitigação, mas dependendo da evolução pode ser que tenhamos que fazer mais um ajustamento que é para evitar ou garantir a continuidade do fornecimento dos combustíveis à Moçambique”, disse Tonela.
A provável subida dos preços é uma situação que poderá sufocar ainda mais o custo de vida no país com aumento em cadeia dos preços dos bens e serviços, a começar pelo transporte.
Apesar de alertarem que o mês de Maio pode ser difícil, as empresas petrolíferas garantem a existência de combustíveis para cerca de 20 dias para gasolina e 15 dias para o gasóleo.