O Instituto Nacional de Estatisticas (INE) diz que 36 por cento dos jovens da cidade de Maputo estão desempregados, a taxa mais elevada, quando comparada com as restantes províncias de Moçambique, onde a taxa é de 18 por cento em média.
Analistas alertam, entretanto, ser preciso prestar muita atenção ao desemprego juvenil porque pode criar uma situação de volatilidade com conseqüências imprevisíveis.
"A taxa de desemprego na cidade de Maputo é a mais elevada, 36 por cento, em comparação com as outras províncias", afirmou Olímpio Zavala, técnico do INE, acrescentando que "isto tem a ver com a definição que nós damos ao emprego em si, porque para o caso de desemprego, as pessoas que têm uma actividade que não é regular não são contabilizadas para o emprego".
A taxa de desemprego, em média, de 18 por cento nas províncias, entretanto, tem sido contestada por algumas organizações da sociedade civil, que afirmam ser superior.
O analista político Casimiro Costa diz ser necessário intensificar o combate ao desemprego e alerta que as eleições são muitas vezes antecedidas de momentos de tensões políticas, associadas à tensão social, fundamentalmente por causa da pobreza e do desemprego de jovens que constituem a maioria da população moçambicana.
"Temos que encontrar um mecanismo de lidar, de forma séria, com o problema da falta de emprego para jovens", defende aquele analista político.
O sociólogo João Feijó, por seu lado, afirma que as recentes manifestações de jovens em Tete, Maputo e noutros pontos de Moçambique, "chamam a atenção para a necessidade de se prestar atenção aos problemas dos jovens que estão com uma tensão acumulada", resultante, fundamentalmente, da falta de oportunidade de emprego, tal como se viu durante a manifestação em homenagem ao músico Azagaia, "que foi reprimida pela polícia".
Ele anota que se coisas continuarem nesta forma, "eu não sei qual vai ser o comportamento da juventude, mas penso que ela não vai ficar quieta, vai continuar a reclamar usando os meios que tem".
Para o académico Brazão Mazula, com a reação policial às manifestações, em alguns casos violenta, está a instalar-se em Moçambique um clima de medo, que é mau para a democracia.
"Eu sinto que no país está a instalar-se certo medo, as pessoas têm certo medo de falar, e numa democracia o medo não é bom, retrai as ideias e às vezes convence quem está no poder ou a dirigir que aquilo que está a fazer está correto, o medo cria uma resistência passiva", anota aquele académico.
Contudo, a polícia nega que esteja a reagir de forma violenta, sublinhando que a sua atuação "tem sido no sentido de repor a ordem onde esta esteja a ser posta em causa".
"A policia nunca vai tolerar atos que ponham em causa a ordem e tranquilidade públicas’’, disse fonte policial.
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