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Moçambique celebra 30 anos do Acordo Geral de Paz com apelos à reconciliação integral


Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, na deposição da coroa de flores em homenagem aos heróis nacionais, Maputo, 4 Outubro 2022
Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, na deposição da coroa de flores em homenagem aos heróis nacionais, Maputo, 4 Outubro 2022

No dia em que Moçambique assinala o 30. aniversário do Acordo Geral de Paz, personalidades de todos os quadrantes sociais defenderam a perservação da paz e uma cultura cada vez mais arraigada de reconciliação.

A celebração central realizou-se nesta terça-feira, 4, na Praça dos Heróis, em Maputo, e começou com a habitual deposição de coroa de flores em homenagem aos heróis e a todos que lutaram pela paz e democracia em Moçambique.

Na sua intervenção o Presidente da República percorreu a história da guerra civil entre o Governo e a Renamo, que iniciou em 1976, sem esquecer o envolvimento dos então regimes do Zimbabwe e da África do Sul.

Filipe Nyusi destacou também os esforços dos sucessivos governos para acabar com os conflitos e reconciliar a família moçambicana.

“Ao longo desta nossa caminhada de 30 anos, a nossa paz conheceu algumas situações que tentaram prejudicar a acção pacífica e a convivência entre irmãos moçambicanos, afectando a zona centro, especificamente, nas províncias de Sofala e Manica”, destacou, salientando, no entanto, que “a única ilação que podemos tirar dos 30 anos do AGP é a de que vale a pena lutar pela paz; e os moçambicanos são, quanto a este aspecto, resolutos”.

Líder da oposição lamentar cultura de intolerância política

Nyusi falou da implementação do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos Homens da Renamo, que deverá terminar ainda este ano.

Até este momento, segundo o Presidente, mais de quatro mil foram integrados num total de 5.200 registados.

"Aqui devemos confessar que o clima que se vive nas aldeias e nas populações com os nossos irmãos da Renamo é satisfatório e gratificante", notou Nyusi, reafirmando o compromisso do Governo com a paz "efetiva e genuína" no país.

O Presidente tanbém destacou que “o terrorismo é, um grande desafio para o alcance da paz efectiva no país”.

Por seu lado, o líder da oposição, Renamo, antiga guerrilha lamentou a intolerância política em relação à oposição que, para Ossufo Momade, mancha os ganhos alcançados nos 30 anos do Acordo Geral de Paz.

Ao discursar na Praça da Paz para uma multidão, ele acrescentou que, apesar disso “temos uma Assembleia da República representativa, isto é o epicentro do debate político e ponto de convergência da nossa visão sobre que Moçambique pretendemos construir, independentemente das nossas diferenças políticas”, e disse esperar ver concluído o processo de desarmamento e integração dos antigos guerrilheiros ainda neste ano.

OssufoMomade destacou que já foram desmobilizados 4001 ex-guerrilheiros da Renamo dos 5.254 previstos, mas lamentou a lentidão na sua integração na polícia e a “demora na fixação das pensões e, sem margem de dúvidas, todos esses entraves ameaçam profundamente a reconciliação e a harmonia social”.

O que também preocupa o presidente da Renamo é o que chama de interferência política nos órgãos de administração eleitoral.

O Acordo Geral de Paz foi assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992, pelos então presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, e da Renamo, Afonso Dhlakama, e por representantes da Comunidade de Santo Egídio, da Itália, que serviu de mediadora.

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