O Presidente da Guiné-Bissau anunciou a realização das eleições gerais, ou seja presidenciais e legislativas, a 30 de novembro, mesmo antes de se reunir com uma delegação da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), que chegou no domingo, 23, ao país, para alegadamente tentar encontrar uma data consensual para as eleições entre Umaro Sissoco Embaló e os partidos políticos.
Na segunda-feira, 24, Embaló reiterou a data e questionado sobre a missão da organização afirmou que "a CEDEAO não manda na Guiné-Bissau".
A missão está a gerar controvérsia no seio da classe política guineense.
Se, de um lado, há uma reafirmação do Presidente da República em como a delegação está no país porque a autorizou, por outro, a oposição crítica abertamente os encontros agendados pela delegação, que reuniu-se ontem com Satu Camará, segunda vice-presidente do Parlamento e que se auto proclamou-se Presidente em setembro de 2024, à revelia da Constituição da República e do Regimento.
Numa carta enviada, nesta segunda-feira ao representante residente da CEDEAO na Guiné-Bissau, a que a Voz de América teve acesso, a coligação eleitoral PAI-Terra Ranka demarcou-se da reunião com a missão, com o argumento de que a delegação descartou o encontro com dois partidos com assento parlamentar, nomeadamente o Movimento para Alternância Democrática (MADEM –G15) e o Partido da Renovação Social (PRS), liderados, respetivamente, por Braima Camará, antigo "braço direito" do Presidnete, e Fernando Dias.
PAI Terra Ranka alega que Satu Camará "usurpou" as funções do Presidente da Assembleia Nacional Popular, uma das razões que disse ter motivado a sua tomada de posição face à missão da CEDEAO na Guiné-Bissau, que visa desbloquar o impasse político em torno das eleições legislativas e presidenciais.
Entretanto, o Presidente da República reiterou que não compete à CEDEAO encontrar datas para eleições.
“É a prerrogativa do Presidente da República”, disse Embaló, afirmando que foi ele quem autorizou a ida da missão da CEDEAO.
"A CEDEAO não vai ao país de ninguém sem que seja autorizado pelo Presidente daquele país. Eu fui Presidente em Exercício da CEDEAO. Já marquei a data de eleições para o dia 30 (de novembro). Não é a CEDEAO que marca eleições. É o Presidente da República que marca eleições. É a minha prerrogativa", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
A missão de alto nível"da CEDEAO permanecerá no país até sexta-feira, 28, e deverá pronunciar-se sobre os contactos realizados com atores políticos e a sociedade civil guineenses.
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