O Instituto para a Comunicação Social da África Austral – Moçambique (MISA) “apela às autoridades do Governo para que usem todos os meios para permitir que o jornalista Ibraimo Mbaruco seja restituído à liberdade”.
Ibraimo Abu Mbaruco, jornalista e locutor da Rádio Comunitária de Palma, Cabo Delgado, é dado como desaparecido desde o dia 7 de Abril, após sair do serviço, cerca das 18 horas.
Fontes próximas do jornalista disseram à imprensa que Mbaruco terá sido sequestrado entre as 18:00 e 19:00 horas, a caminho da sua residência.
Actos de violência e detenções arbitrárias de jornalistas contrariam todos os princípios de uma democracia ancorada na supremacia da Lei e no respeito pelos direitos humanos.MISA-Moçambique
No seu comunicado, o MISA escreve que “momentos antes, Ibraimo Mbaruco teria enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que ‘estava cercado por militares’”.
De seguida, “não mais atendeu às chamadas, embora o seu telefone continuasse a dar sinal de estar ainda comunicável”.
O MISA diz que a sua “breve investigação conseguiu apurar que Ibraimo Mbaruco não se encontra no quartel de Palma”.
“Atos de violência e detenções arbitrárias de jornalistas contrariam todos os princípios de uma democracia ancorada na supremacia da Lei e no respeito pelos direitos humanos,” conclui o MISA.
O Comité para a Proteção de Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque, está também preocupado com o desaparecimento de Mbaruco.
“O CPJ está a investigar e continua preocupado com o fato de Cabo Delgado ser virtualmente uma área interdita a jornalistas," afirma à VOA Ângela Quintal, coordenadora da seção africana.
Quintal recorda que os jornalistas que estão em Cabo Delgado "trabalham em difíceis e perigosas circunstâncias”.
No ano passado, foram detidos naquela província os jornalistas Amade Abubakar e Germano Adriano, que cobriam a situação das vítimas de ataques armados iniciados em 2017.
Ataques de extremistas
O desaparecimento de Mbaruco ocorre na semana em que a turística Ilha das Quirimbas e a sede do Muidumbe, em Cabo Delgado, foram alvo de ataques de homens armados descritos como extremistas islâmicos.
Por outro lado, reportam o portal de Carta de Moçambique e Daily Maverick (da África do Sul), a Força Aérea de Moçambique e uma força privada sul-africana iniciaram ataques contra aquele grupo.
As autoridades de Maputo não se pronunciaram sobre a operação conjunta com os sul-africanos.