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Miséria, nudez e morte nas Lundas


Foto de arquivo
Foto de arquivo

Do leste de Angola mais concretamente algumas localidades das províncias da Lunda-Norte e Sul chegam relatos de fome e miséria, pessoas a morrerem por falta de assistência médica e medicamentosa,

Ha mesmo relatos de nudez entre adultos.

As zonas mais afectadas são Cacolo na Lunda-Sul e Cafunfo e Caungula na Lunda Norte

Fome, nudez e morte nas Lundas - 3:17
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No Cafunfo, zona diamantífera do município do Cuango na Lunda-Norte, falamos com o ancião soba Milonga que diz já não saber onde as pessoas vão recorrer de tanta fome.

"Nós aqui estamos a engatinhar não estamos a ver saída nem entrada, as pessoas aqui têm de recorrer ao lixopra comer, já não estamos a ver o que fazer, estamos a passar mal, mal”, disse

O emprego na região de Cafunfo segundo o nosso interlocutor, é uma miragem.
"Emprego aqui vai sair aonde? Não há emprego, o unico que havia era Endiama mas hoje os antigos trabalhadores estão a morrer aos poucos."

Noutra província na Lunda Sul o cenário segundo o jovem João Cigano, não difere muito, o grande problema dos jovens é a falta de emprego.

"Aqui já não é só fome e miséria mesmo porque não há emprego para os natos, as pessoas que estão nas minas de diamantes estão a vir de Luanda e do estrangeiro, para um nato conseguir uma vaga na mina estão
a pedir um a dois milhões de kwanzas”, disse.

“Você é pobre vai encontrar dinheiro aonde pra trabalhar? O jovem automaticamente entra em desespero vira bandido começa a matar e a roubar", acrescentou

José Mateus Zecamutshima do Protectorado Lunda-Tchokwe esteve a visitar algumas regiões do leste e diz ter ficado triste com o que encontrou, sobretudo em Cacolo na Lunda Sul.

José Mateus Zecamutchima
José Mateus Zecamutchima

“Esta região leste está completamente esquecida, uma pobreza extrema, aqui há aldeias onde as casas de pau a pique deixadas pelo colono sem portas, as pessoas vivem quase ao relento, aqui não encontras nenhuma escola nesta aldeia”, disse afirmando ainda quw “as pessoas do Chinge têm que percorrer 200 km pra encontrar um hospital e no tal hospital não há medicamentos só receitas”.

“Os médicos e enfermeiros é que aconselham os doentes a procurar quimbandas, muita criança a morrer aqui", acrescentou.

Na Lunda Norte, município do Caungula, o morador Albino diz que a a situação é pior.

"Aqui também estamos a passar mal, hospital nunca tem medicamento, as pessoas recebem receitas e não encontram os medicamentos, acabam por morrer mesmo dentro do hospital", disse

Noutra zona já na Lunda-Sul o ancião Soba Muana Kapemba diz que a miséria é tanta que até vestuário não há.

"Há aldeias aqui onde as pessoas nunca viram um carro, no Chassengue na baixa do Minungo encontramos um casal que se revezava a roupa pra vestir, encontramos a senhora pisar algo no pilão entrou em casa, depois saiu o
marido com o mesmo pano que a senhora usava e a mulher já não saiu de casa tudo porque não há roupa.", disse

A VOA tentou falar ao telefone com o governador da Lunda-Sul não fomos respondidos, o mesmo acontecendo em relação a Lunda-Norte, uma fonte do governo disse-nos que estavam reunidos e não foi possível trazer alguém do governo local

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