O ministro português da Defesa, João Gomes Cravinho, está em Moçambique para uma visita centrada no apoio que Portugal pode dar à luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, mas analistas dizem que esta deslocação e a do embaixador americano, Nathan Sales, não vão mudar nada, enquanto Maputo não definir o que pretende, exactamente.
O governante português estará em Moçambique até sexta-feira, tendo em vista a negociação de um novo programa de cooperação bilateral no domínio da Defesa e o estreitamento de relações com África, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, que se iniciará em Janeiro próximo.
A visita decorre numa altura em que Moçambique está a braços com uma insurgência armada em Cabo Delgado, e Gomes Cravinho reiterou que Portugal está disponível para apoiar as autoridades moçambicanas no combate ao terrorismo, dentro daquilo que o país considerar necessário.
O governante português chegou esta quarta-feira a Maputo, e manteve já um encontro com o seu homólogo moçambicano, Jaime Neto, no qual o terrorismo em Cabo Delgado foi um dos temas dominantes.
Cabo Delgado na agenda
Entretanto, analistas dizem que esta visita não deve ser vista de forma isolada, deve ser encarada no contexto de toda uma diplomacia na área de defesa e segurança que Moçambique tem estado a levar a efeito com os principais potenciais parceiros com capacidade para ajudar a resolver o caso de Cabo Delgado.
O investigador Borges Nhamire, do Centro de Integridade Pública, recordou que, muito recentemente, esteve em Moçambique o Coordenador do Contraterrorismo no Departamento de Estado Americano, o embaixador Nathan Sales, entre outras personalidades que escalaram a capital moçambicana.
Contudo, para Nhamire, estas visitas não vão mudar nada enquanto Moçambique não definir o que quer, porque até aqui, a ideia que há é que o país só quer apoio logístico, equipamento e dinheiro, “mas os potenciais parceiros receiam que essa ajuda possa parar nas mãos dos terroristas, como aconteceu com muito armamento das forças governamentais moçambicanas".
O editor Alexandre Chiure também defende que Moçambique deve definir o que quer para fazer face à insurgência armada, afirmando que as autoridades "sempre minimizaram o conflito em Cabo Delgado, considerando-o puro banditismo".
Refira-se que durante a visita a Maputo, o embaixador Nathan Sales, reiterou que os Estados Unidos da América querem ser um parceiro privilegiado de Moçambique para derrotar os terroristas em Cabo Delgado, através de iniciativas de foro civil no reforço da ordem e da aplicação da lei.