O ministro do Interior de Moçambique confirmou a morte de um manifestante que participava numa marcha da Renamo na vila de Angoche, na província de Nampula, na quinta-feira, 16, como a Voz da América noticiou ontem.
"Infelizmente, três membros da Renamo foram alvejados, um dos quais perdeu a vida e dois continuam no hospital", disse Pascoal Ronda à Televisão de Moçambique (TVM), acrescentando que a polícia "interveio para, de forma civilizada, apelar para uma atitude mais correta, mas eles reagiram de forma não correta".
A intervenção da polícia aconteceu, segundo o governante, quando "o delegado distrital da Renamo mobilizou os seus simpatizantes para carregarem ou transportarem consigo um caixão coberto pela bandeira da Frelimo e a intenção era depositar na administração, como forma de repúdio aos resultados das eleições".
Ainda de acordo com Pascoal Ronda, a polícia procurou dissuadir as pessoas, mas "preferiram usar a violência, atirando pedras e paus contra as autoridades", tendo os agentes disparado "para o ar com balas reais", para impedir que os membros da Renamo atacassem a esquadra e "balas de borracha" para evitar que entregassem o caixão na sede da administração do distrito.
Versão diferente tem o edil cessante e responsável da Renamo em Angoche que, na sexta-feira, acusou a polícia de atacar os manfestantes.
“Nós estávamos a ir em direção ao local do comício, a polícia começou a disparar, foi quando a minha segurança mandou-me parar, mas sete pessoas foram baleadas, uma morreu, era idosa, um dos feridos foi transferido para Nampula. Não houve qualquer motivo para que a polícia disparasse, não houve qualquer agitação, queríamos manifestar como sempre fazemos”, disse Issufo Raja a jornalistas quando embarcava num voo com destino ao Brasil.
Numa primeira reação, como a Voz da América informou ontem, o porta-voz da polícia em Nampula, Zacarias Nacute, disse que quatro pessoas tinham ficado feridas.
O ministro do Interior disse ainda que cinco pessoas foram detidas e que o Ministério Público está a investigar os incidentes.
A manifestação em Angoche acontece numa altura em que o país aguarda com ansiedade a decisão do Conselho Constitucional sobre os recursos que tem em mãos recursos contra os resultados que deram à Frelimo à vitória em 64 dos 65 municípios nas eleições autárquicas.
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