O ministro brasileiro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, apresentou a sua demissão em carta enviada ao Presidente em exercício nesta segunda-feira, 30.
Horas antes, Michel Temer tinha telefonado a Silveira e dito que mantinha a confiança nele, mas que caberia ao então ministro tomar qualquer decisão.
“Não obstante o facto de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério", escreveu Fabiano Silveira.
Na carta de demissão, o agora ex-ministro afirma que não fez "nenhuma oposição" ao trabalho do Ministério Público.
"Foram comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de exasperação política que todos testemunhamos”, escreveu Silveira, reiterando que jamais intercedeu junto a órgãos públicos em favor de terceiros.
“Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento dos seus deveres ao longo de todos esses anos", concluiu.
A decisão do ministro foi tomada após o programa Fantástico, da rede Globo, ter divulgado domingo, 29, o teor de uma conversa dele com o presidente do Senado, Renan Calheiros, na qual ele criticou a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Protestos
Chefes de vários departamentos do Ministério começaram a entregar os cargos nos Estados, em protesto, enquanto trabalhadores em Brasília , sindicato e organizações como a Transparência Internacional pressionaram pela saída do ministro.
O conteúdo da gravação de Silveira gerou intensa repercussão política em Brasília nesta segunda-feira.
Enquanto parlamentares da base aliada de Temer exigiam explicações públicas do ministro, a oposição pedia a demissão de Fabiano Silveira.
Esta é a segunda baixa do Governo Temer em pouco mais de duas semanas, ambas por suposta ligação à operação Lava Jato.
Antes, o ministro do Planeamento Romero Jucá foi exonerado depois de ter sido envolvido em denúncias.