O ministro do Interior, Ângelo de Barros Veiga Tavares, é acusado de ter enviado uma carta ao presidente da UNITA a avisar que, no seu entender, as declarações do mandatário do seu partido, Estevão José Pedro Cachiungo, são susceptíveis de incendiar o país.
Em declarações à VOA, o director do Gabinete de Comunicação Institucional do Ministério do Interior nega a acusação e avisa as organizações da sociedade civil que não podem fazer manifestações neste período.
Após a divulgação dos resultados provisórios pela Comissão Nacional Eleitoral na semana passada, o mandatário da UNITA, Estevão José Pedro Cachiungo, disse que os “falsos” resultados podem levar a incendiar o país.
“Estamos a dizer ao povo para ter calma, os dirigentes do MPLA não são os únicos que andaram nas escolas, nós não queremos ver esse país incendiado por causa de meia dúzia de famílias, o que está aqui não é a felicidade dos angolanos, é manter o Estado por causa da roubalheira que alguns senhores instalaram aí, isso vai nos custar a vida, mas este país vai se endireitar”, afirmou na altura.
Em reacção, o ministro do Interior Ângelo de Barros Veiga Tavares escreveu uma carta ao presidente da UNITA que, segundo disse o próprio mandatário Cachiungo ontem à Rádio Despertar, procurou intimidar o seu partido.
“Eu recebi por via do presidente do meu partido, e isso não é nenhuma confidência, uma carta oficial do Ministério do Interior a dizer ao senhor presidente da Unita para avisar o mandatário que está com discursos que podem incendiar o país”, revelou o dirigente da UNITA.
Contactado pela VOA, o director do Gabinete de Comunicação Institucional do Ministério do Interior, Simão Milagres, confirma o envio da carta mas nega as ameaças.
“Nós as consideramos como sendo gravosas e escrevemos ao presidente da UNITA para que modere a linguagem e não foi qualquer ameaça”, garantiu.
O responsável do Ministério do Interior também reagiu ao apelo dos membros da sociedade civil feito ontem à união dos partidos da oposição para que em conjunto convoquem o povo a uma manifestação de rua para exigir a verdade eleitoral.
Simão Milagres lembra que no actual processo “apenas as seis formações políticas concorrentes devem falar sobre o processo”.