O Ministério das Finanças de Angola confirmou ter recuperado os 500 milhões de dólares transferidos para uma conta bancária em Londres, numa operação alegadamente ilícita que envolveu José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, 9, aquele departamento governamental revelou que em 2017, antes da realização das eleições gerais que tiveram lugar em Agosto, “a empresa Mais Financial Services administrada pelo cidadão angolano Jorge Gaudens Pontes e auxiliado por José Filomeno dos Santos, propôs ao Executivo a constituição de um Fundo de Investimento Estratégico que mobilizaria 35 mil milhões de dólares americanos para o financiamento de projectos considerados estratégicos para o país e de um outro Fundo de Moeda Externa que colocaria a quantia semanal de 300 milhões de dólares americanos para atender as necessidades do mercado cambial interno por um período de 12 meses”.
A operação, diz a nota, seria intermediada pela Mais Financial Services que contava, alegadamente, com o suporte de um sindicato de bancos internacionais de primeira linha.
Os promotores “apresentaram como condição precedente a capitalização de 1,5 mil milhões de dólares americanos por parte das autoridades angolanas, acrescido de um pagamento de 33 milhões de euros para montagem das estruturas de financiamento”.
Ainda segundo a nota, entre Julho e Agosto de 2017 foram pagos 24,8 milhões euros a Mais Financial Services para a montagem da operação de financiamento e em Agosto do mesmo ano foram transferidos 500 milhões de dólares americanos para a conta da PerfectBit, entidade contratada pelos promotores da operação, alegadamente para fins de custódia dos fundos a estruturar”.
Entretanto, na actual fase, as autoridades angolanas mantêm-se empenhadas na recuperação da totalidade dos valores pagos, no âmbito da estruturação da referida operação financeira, nomeadamente, a recuperação de 24,85 milhões de euros, indevidamente transferida para a conta da empresa Mais Financial Services, resultante de uma prestação de serviços não realizada.
Esta operação está em investigação pelas autoridades angolanas e britânicas, tendo José Filomeno dos Santos, filho do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, e o ex-governador do BNA Valter Filipe sido constituídos arguidos em Angola.